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FERNANDO RODRIGUES
O PT forte
BRASÍLIA - A decisão de ontem
do PMDB de apoiar a candidatura
de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a
presidência da Câmara tem um significado enorme para os petistas:
representa o ressurgimento da sigla
como núcleo de poder de fato no
plano federal. É o possível renascimento do PT pós-mensalão.
O fato ainda não está consumado,
porque a eleição na Câmara é só no
dia 1º de fevereiro. Mas a adesão
peemedebista abriu a porteira para
outros partidos aliados ao governo
ensaiarem movimentos semelhantes. Nos próximos dias, devem declarar apoio a Arlindo Chinaglia
três legendas de tamanho médio:
PR (ex-PL), PTB e PP.
Somem-se aí os votos do próprio
PT, do PMDB e de parte dos partidos de oposição (sim, haverá votos
pró-PT dentro do PSDB e do PFL) e
pronto: os petistas estarão a um
passo de retomar o terceiro cargo
mais importante da República.
Desde a queda do então chamado
"núcleo duro" (José Dirceu, Luiz
Gushiken e Antonio Palocci), o PT
nunca mais teve integrantes no governo federal que falassem internamente de igual para igual com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, se as coisas continuarem
como estão, a agremiação terá em
Arlindo Chinaglia novamente um
porta-voz de seus interesses.
Político de comportamento comedido, Chinaglia não fazia parte
do grupo ao qual um dia Lula chamou de "aloprados". Se for vitorioso, o petista terá em suas mãos a
responsabilidade pela reconstrução da imagem do PT e, por tabela,
da Câmara dos Deputados.
Não é pouca coisa. Sobretudo
porque Chinaglia se lançou candidato contra a vontade do Planalto.
Na prática, sua atitude é o primeiro
passo petista rumo a 2010 -quando
Lula não será candidato a presidente. De seu eventual sucesso dependerá o êxito futuro do PT.
frodriguesbsb@uol.com.br
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