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FERNANDO RODRIGUES
Incompetência e má-fé
BRASÍLIA - Há uma mistura de
incompetência com má-fé na decisão da Câmara dos Deputados de
conceder um plano de saúde gratuito para 12 mil de seus funcionários
nomeados politicamente.
A incapacidade gerencial ficou
explícita na reunião desta semana
da direção da Câmara. Admitiu-se
no encontro um lobista que os ingênuos (sic) deputados disseram
achar ser apenas um sindicalista.
O infiltrado convenceu os presentes sobre conceder um plano de
saúde a 12 mil almas sem cobrar um
centavo. Na realidade, estava de
olho nos R$ 43 milhões já gastos pela Câmara com a assistência médica
de 3.500 funcionários de carreira.
Era só uma conta de chegada. O lobista pegaria a bolada em troca de
um serviço de quinta categoria para
todos, concursados ou não.
É constrangedor assistir a deputados caindo em uma esparrela como essa. Mas o episódio ilustra à
perfeição o nível de elaboração intelectual dos responsáveis pela
confecção das leis do país.
A má-fé no caso fica na conta dos
integrantes da Mesa Diretora da
Câmara. Todos aprovaram a ideia
estapafúrdia do plano de saúde
"grátis". Agora ficam pelos corredores do Congresso empurrando a
responsabilidade sobre as costas de
Arlindo Chinaglia, cujo período de
presidente da Casa dura apenas
mais cerca de 20 dias.
Chinaglia pode descascar o abacaxi e corrigir sua imagem esmaecida. Começaria sustando as várias
despesas extras aprovadas nos últimos dias -do plano de saúde à incrível "bolsa-chefia", a gratificação
para certos assessores que custará
R$ 40 milhões neste ano. Terminaria liberando integralmente as notas fiscais apresentadas por deputados quando solicitam ressarcimento de qualquer natureza.
Pode parecer pouco, mas Chinaglia terminaria sua gestão como o
presidente da Câmara que tentou
resgatar a honra da Casa.
frodriguesbsb@uol.com.br
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