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LIÇÕES ASIÁTICAS
Tem sido frequente a tentativa, por
parte de analistas econômicos, de tirar do ajuste à crise na Ásia os elementos norteadores do ajuste brasileiro. Em favor dessa abordagem
comparativa está a semelhança entre
processos que a literatura acadêmica
classifica como "overshooting".
Abandonada uma política cambial
suspeita, tendem a ocorrer movimentos de desvalorização exagerada.
Em vários casos, passado o descontrole inicial (que duraria entre três e
seis meses), a taxa de desvalorização
recuou para patamares razoáveis.
Há nesse tipo de comparação bons
motivos para consolo e, mais que
nunca, eles agora parecem necessários. O dólar continua valendo demais no Brasil, ou seja, a desvalorização do real acumulada até agora ainda é considerada exagerada.
Para muitos, um dólar a R$ 1,50 ou
R$ 1,60, sancionando uma desvalorização da ordem de 30%, seria algo
aceitável e mesmo desejável.
O risco da comparação com a Ásia
decorre da crença infundada de que
os sistemas de preços, neles incluída
a taxa de câmbio, são fenômenos naturais, sujeitos a leis tão inevitáveis
quanto a lei da gravidade. Ou talvez
regidos por princípios consagrados
em ditos populares, do tipo "quanto
maior a subida, maior o tombo".
Mais arriscado ainda é acreditar que,
sendo assim, basta esperar estoicamente que a situação se normalize.
O exame mais detalhado da experiência da Ásia revela um quadro
muito mais complexo: a Coréia do
Sul obteve resultados forçando a renegociação de sua dívida externa. Na
Indonésia e na China, o regime cambial continua uma questão em aberto. Sem esquecer a Malásia, que adotou controles sobre a saída de capitais e, agora, cerca de sete meses depois, volta à rota da liberalização.
A Ásia, ou melhor, suas diversas experiências de ajuste, pouco podem
ensinar ao Brasil. Se uma lição há
nessa comparação, ela consiste em
entender que os ajustes a novas políticas de câmbio não são automáticos
nem seguem uma receita universal.
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