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Terremoto competitivo
SE A competição acerba entre
as empresas no mundo contemporâneo pode ser comparada à luta pela sobrevivência
das espécies, então o Brasil tem
sido um laboratório espetacular
para experimentos de "evolucionismo" corporativo. Das 500
maiores companhias brasileiras
em 1973, só 117 (23%) continuavam na elite 32 anos depois.
A pesquisa, da Fundação Dom
Cabral -reputada instituição de
treinamento de executivos-,
trata de um dos períodos mais
turbulentos da história econômica do Brasil. Em pouco mais
de três décadas, o país conviveu
com cinco moedas e assistiu,
bestializado, ao desfile de sete
planos econômicos.
Esse terremoto competitivo
contou com corte súbito do crédito, congelamentos de preços,
confisco de poupança, abertura
radical e repentina da economia
aos importados, escalada tributária. Juros, preços e câmbio oscilaram como num eletrocardiograma. "Só quem tem comichão
pelo risco agüenta ser empresário no Brasil", brincou o ex-ministro Delfim Netto ao comentar
os resultados da pesquisa.
O estudo tenta estabelecer as
causas para a permanência das
empresas vencedoras. No geral,
mantiveram-se em processo
contínuo de expansão, diversificação e aquisição de concorrentes. Desenvolveram em sua cultura empresarial a capacidade de
antecipar-se a mudanças nos
ambientes doméstico e mundial.
Mas o ambiente doméstico,
histórias heróicas à parte, foi
muito mais avesso à sobrevivência empresarial do que o global
nesse período. Decerto a conquista da estabilidade de preços
e o equacionamento do problema de solvência externa, nos últimos anos, melhoraram bastante as condições de o empresário
brasileiro competir.
Ele ainda convive, no entanto,
com um custo de capital e tributário elevado demais em relação
a seus homólogos em outros países. Passa da hora de o governo
atacar esses males, que contribuem para a alta taxa de mortalidade das companhias nacionais.
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