São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Novos progressos no controle do lúpus

MORTON SCHEINBERG


Após quase cinco décadas, os pacientes acometidos por lúpus poderão comemorar a chegada de nova medicação para tratar dessa enfermidade


Você já deve ter ouvido falar do lúpus. Michael Jackson, quando vivo, tornou público que era portador da doença, assim como Lady Gaga.
Trata-se da enfermidade crônica mais frequente nas mulheres em idade reprodutiva; é também doença dez vezes mais frequente no sexo feminino. A enfermidade parece ser provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, exatamente aquele que deveria defender o organismo de agressões externas, como bactérias e vírus.
Hoje, dia 10 de maio, comemora-se o Dia Internacional de Atenção ao Portador do Lúpus Eritematoso Sistêmico. Acredita-se que perto de 10 milhões de pessoas no mundo tenham lúpus, 500 mil no Brasil.
O objetivo da data é aumentar e melhorar a atenção médica aos portadores dessa enfermidade e criar meios de financiar pesquisas para as causas e a cura da doença.
Quatro tipos de medicamentos são usados comumente para o tratamento do lúpus: anti-inflamatórios convencionais de natureza não hormonal, antimaláricos, derivados da cortisona e medicações que suprimem a resposta imunológica de forma abrangente.
Em casos mais severos, esses tratamentos tendem a não surtir resultados, e o curso da doença se torna progressivo, acometendo rins, coração, pulmões, elementos sanguíneos e sistema nervoso central, levando a deformidades articulares e provocando cirurgias de próteses dos quadris, o que pode também levar ao óbito.
Após quase cinco décadas, os pacientes acometidos por lúpus poderão comemorar a chegada de uma nova medicação para o tratamento dessa enfermidade. Esse medicamento pertence a uma nova classe, conhecida como biológicos, e tem um mecanismo de ação seletiva conhecido como terapia-alvo.
Por meio de administrações intermitentes, de forma periódica, o medicamento interfere nas células produtoras de anticorpos -no caso do lúpus, são autoanticorpos que agridem o próprio corpo humano.
No Brasil, vários centros participaram das pesquisas que levaram às novas descobertas, permitindo que pacientes brasileiros se beneficiassem com a nova medicação.
Já é possível um maior intercâmbio entre pacientes e familiares, por meio de associações de pacientes juridicamente constituídas ou por meio de redes sociais.
Novos estudos com imunobiológicos estão em andamento, tendo como centro coordenador o Hospital Roberto Abreu Sodré (AACD), especializado em doenças do sistema músculo-esquelético.
Os estudos tentam neutralizar a produção excessiva de autoanticorpos por outras vias. É por meio da participação cada vez maior do Brasil nos novos estudos que os pacientes brasileiros receberão os benefícios das novas descobertas de forma precoce. De fato, há muito para se comemorar nessa data.

MORTON SCHEINBERG, pesquisador em doenças autoimunes, PhD (Universidade de Boston/EUA) e livre-docente em imunologia (USP), é diretor do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Roberto Abreu Sodré (AACD) e médico clínico e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

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