|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIGAÇÕES PERIGOSAS
Os indícios de participação
do deputado federal Pedro
Corrêa (PP-PE) em atividades ilícitas
apontam para mais um caso de envolvimento de políticos com o crime
organizado. De acordo com indícios
trazidos à luz no decorrer da CPI da
Pirataria, o deputado e presidente do
Partido Progressista (PP) -que rechaça a acusação- atuaria como
braço político de uma organização
criminosa voltada para o contrabando de cigarros e a adulteração de
combustíveis.
Embora essa não seja a primeira
vez que se aventam possíveis relações
espúrias entre parlamentares e grupos criminosos, o caso ganha gravidade devido ao fato de Corrêa ocupar
a presidência de um partido que, para muitos, encarna uma maneira de
fazer política condenável e deletéria
para a democracia brasileira. Não
são poucos os escândalos envolvendo membros do PP. Dentre eles, merecem destaque as acusações que pesam sobre o ex-prefeito paulistano
Paulo Maluf, um dos membros mais
tradicionais da agremiação.
Outro agravante é o fato de que o
PP integra a base aliada do Planalto
no Parlamento, o que garante a Corrêa um lugar no Conselho Político do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
o aproxima dos círculos palacianos.
É bem verdade que não há democracia à prova de corrupção e que
mesmo nos países que possuem
grande tradição democrática ocorrem desvios dessa ordem.
Infelizmente, contudo, na política
brasileira tais episódios são mais freqüentes do que o tolerável e raramente são devidamente punidos. A repetição desses fatos contribui para desgastar ainda mais a já combalida
imagem da classe política brasileira.
Assim, é de esperar que as investigações relativas ao caso avancem até as
últimas conseqüências.
Texto Anterior: Editoriais: RECUO ESTRATÉGICO Próximo Texto: Paris - Clóvis Rossi: Quem é esquizofrênico Índice
|