São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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LIGAÇÕES PERIGOSAS

Os indícios de participação do deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) em atividades ilícitas apontam para mais um caso de envolvimento de políticos com o crime organizado. De acordo com indícios trazidos à luz no decorrer da CPI da Pirataria, o deputado e presidente do Partido Progressista (PP) -que rechaça a acusação- atuaria como braço político de uma organização criminosa voltada para o contrabando de cigarros e a adulteração de combustíveis.
Embora essa não seja a primeira vez que se aventam possíveis relações espúrias entre parlamentares e grupos criminosos, o caso ganha gravidade devido ao fato de Corrêa ocupar a presidência de um partido que, para muitos, encarna uma maneira de fazer política condenável e deletéria para a democracia brasileira. Não são poucos os escândalos envolvendo membros do PP. Dentre eles, merecem destaque as acusações que pesam sobre o ex-prefeito paulistano Paulo Maluf, um dos membros mais tradicionais da agremiação.
Outro agravante é o fato de que o PP integra a base aliada do Planalto no Parlamento, o que garante a Corrêa um lugar no Conselho Político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o aproxima dos círculos palacianos.
É bem verdade que não há democracia à prova de corrupção e que mesmo nos países que possuem grande tradição democrática ocorrem desvios dessa ordem.
Infelizmente, contudo, na política brasileira tais episódios são mais freqüentes do que o tolerável e raramente são devidamente punidos. A repetição desses fatos contribui para desgastar ainda mais a já combalida imagem da classe política brasileira. Assim, é de esperar que as investigações relativas ao caso avancem até as últimas conseqüências.


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