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CLÓVIS ROSSI
Quem é esquizofrênico
PARIS - O ministro José Dirceu (Casa Civil), para variar, está equivocado
em mais um diagnóstico, aquele em
que diz que o Brasil vive uma situação "um pouco esquizofrênica" por
ter "condições para se desenvolver",
mas não conseguir "romper o círculo
vicioso de estagnação".
Começa pelo fato de que esquizofrenia é outra coisa. Continua pelo
fato de que o ministro demonstra ser
ele o esquizofrênico se se tomar a definição de esquizofrenia do dicionário "Michaelis": "Psicose em que o
doente perde o contato com a realidade, e vive num mundo imaginário
que para si próprio criou".
Dirceu, o presidente da República,
o PT, com uma ou outra exceção, é
que perderam por completo o contato
com a realidade desde que venceram
as eleições de 2002.
Não vou nem entrar no conto de
que o ministro Antonio Palocci é o
"bad cop", que tortura o país com os
juros altos e a ênfase exclusiva na estabilidade, e Dirceu, o mocinho que
gostaria de resgatar a pátria para o
crescimento, a justiça social e tudo
aquilo que enfeitava o discurso do PT
antes da vitória e que, depois dela, foi
jogado na lata de lixo da história.
Não há mocinhos nessa história
medíocre. São todos parceiros.
O diagnóstico do ministro, aliás, é
mais uma demonstração de mediocridade (ou esquizofrenia, como se
queira). Há 18 meses no poder (ou
quase 40% do mandato), Dirceu, em
vez de agir, de propor ações e de tomar decisões, fica lamentando que o
país não consegue "romper o círculo
vicioso de estagnação".
Para voltar à definição de esquizofrenia, no mundo imaginário que
criou para si, o governo do PT e seus
caciques acham que ainda estão na
oposição e podem, portanto, fazer
diagnósticos em vez de definir e aplicar um tratamento adequado ao paciente Brasil.
Engana-se o ministro ao achar que
o país vive uma situação "um pouco
esquizofrênica". Vive, sim, uma situação de (muito) má governança,
que, de resto, não vem de hoje.
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