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SUCESSÃO DE ERROS
Em menos de um ano, o governo
federal anunciou por duas vezes dados errados sobre o déficit público. E
ainda divulgou informação equivocada sobre a balança comercial.
O déficit externo, o déficit público e
as recentes crises nos ditos mercados emergentes deixaram o Brasil
mais exposto às intempéries dos fluxos internacionais de capital. A posição do país já é frágil por conta dos
dados reais. Não se pode permitir
que a perda de confiança nas informações econômicas se torne um fator adicional de incerteza.
O erro mais grosseiro foi revelado
esta semana. O déficit público federal no primeiro trimestre não foi de
R$ 3,59 bilhões, como anunciado na
quarta-feira passada. O número correto seria R$ 7,19 bilhões, segundo
nova informação do Ministério da
Fazenda. Mas parece prudente esperar antes de endossar esse dado. Há
erro na explicação do erro anterior.
Segundo a nota divulgada nesta segunda-feira pelo Ministério da Fazenda, o número de R$ 3,59 bilhões,
divulgado por engano, corresponderia na verdade ao déficit do bimestre.
Nem isso é consistente. A própria tabela corrigida mostra os déficits de
janeiro e fevereiro. Eles somam R$
6,91 bilhões, não R$ 3,59 bilhões.
No início de abril deste ano, o Executivo federal revelou ter se equivocado na contabilidade do déficit público de 97. O saldo negativo fora R$
2,05 bilhões maior que o anunciado.
Em setembro de 97, a Receita Federal constatou erro de R$ 859 milhões
no valor das importações do primeiro semestre daquele ano. Houve
quem apontasse que, no que se refere às exportações, não se procedeu à
verificação dos dados.
Esse lastimável histórico projeta
dúvidas sobre todas as estatísticas
nacionais. É preciso reconhecer que
há vários anos as séries estatísticas
do Brasil têm sido corrigidas com
impressionante desenvoltura. Mas,
neste período de incertezas econômicas, é inadmissível que o poder
público continue a tratar os dados
com tanta irresponsabilidade.
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