São Paulo, quarta, 10 de junho de 1998

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SUCESSÃO DE ERROS

Em menos de um ano, o governo federal anunciou por duas vezes dados errados sobre o déficit público. E ainda divulgou informação equivocada sobre a balança comercial.
O déficit externo, o déficit público e as recentes crises nos ditos mercados emergentes deixaram o Brasil mais exposto às intempéries dos fluxos internacionais de capital. A posição do país já é frágil por conta dos dados reais. Não se pode permitir que a perda de confiança nas informações econômicas se torne um fator adicional de incerteza.
O erro mais grosseiro foi revelado esta semana. O déficit público federal no primeiro trimestre não foi de R$ 3,59 bilhões, como anunciado na quarta-feira passada. O número correto seria R$ 7,19 bilhões, segundo nova informação do Ministério da Fazenda. Mas parece prudente esperar antes de endossar esse dado. Há erro na explicação do erro anterior.
Segundo a nota divulgada nesta segunda-feira pelo Ministério da Fazenda, o número de R$ 3,59 bilhões, divulgado por engano, corresponderia na verdade ao déficit do bimestre. Nem isso é consistente. A própria tabela corrigida mostra os déficits de janeiro e fevereiro. Eles somam R$ 6,91 bilhões, não R$ 3,59 bilhões.
No início de abril deste ano, o Executivo federal revelou ter se equivocado na contabilidade do déficit público de 97. O saldo negativo fora R$ 2,05 bilhões maior que o anunciado.
Em setembro de 97, a Receita Federal constatou erro de R$ 859 milhões no valor das importações do primeiro semestre daquele ano. Houve quem apontasse que, no que se refere às exportações, não se procedeu à verificação dos dados.
Esse lastimável histórico projeta dúvidas sobre todas as estatísticas nacionais. É preciso reconhecer que há vários anos as séries estatísticas do Brasil têm sido corrigidas com impressionante desenvoltura. Mas, neste período de incertezas econômicas, é inadmissível que o poder público continue a tratar os dados com tanta irresponsabilidade.




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