|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O emprego na Copa de 2002
VINICIUS TORRES FREIRE
São Paulo - Em junho de 2002, o Brasil abre a Copa do Japão-Coréia. Joga
em Tóquio contra o fraco time da
Austrália, que enfim se classificara goleando o Cazaquistão. O Brasil pulara
mais uma vez as eliminatórias, pois
ganhara a Copa de 1998, divertindo
pelo menos durante algumas semanas
um país apavorado com o desemprego, que chegara a 8%, segundo os pesquisadores do instituto do governo.
É uma angústia divertida, se vale o
paradoxo, fazer previsões sobre essa
incógnita atrapalhada que é o time de
Zagallo, espinafrá-lo e, ainda assim,
torcer bestamente por ele. Mas nesses
dias de Copa há técnicos, não de futebol, publicando prognósticos de outro
tipo, sombrios. O país entrou na Copa
com 8% de desemprego. Talvez chegue
a 2002 com outros tantos, passando
por anos duros de eliminatórias, com
ainda menos vagas de trabalho.
Um desses técnicos é Fabio Giambiagi, do instituto oficial de pesquisa econômica do governo federal, o Ipea.
Um estudo desse economista estimou
qual seria o comportamento provável
da economia até 2006. Nessa projeção,
o desemprego aumenta até o ano 2000
e pode ser maior que o atual ainda em
2002. Isso se o governo continuar a
agir como hoje e se a economia crescer
mais de 4% ao ano a partir de 1999.
O que o governo fará, e que governo,
o economista não pode dizer. Sobre o
tamanho da economia, os técnicos do
Banco Central acabam de prever anos
de raquitismo. O país cresce 2% neste
ano de 1998 e não muito mais que isso
nos seguintes se as exportações não
melhorarem -e não estão crescendo o
bastante. Ou seja, o cenário projetado
por Giambiagi pode ser ainda pior.
O economista não está sozinho. Colegas do Ipea e técnicos da PUC do Rio
e da Unicamp, que não costumam escalar as mesmas seleções, fazem prognósticos semelhantes. Giambiagi diz
que a grande tarefa do governo será
convencer a população de que o país
está no rumo certo, embora a situação
social só vá melhorar em meados da
próxima década. Haja conversa.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|