São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Teto do crédito

O ESTOQUE de crédito saltou de 23,8% do Produto Interno Bruto em abril de 2003 para 32,6% do PIB em maio de 2006. Estima-se que essa relação possa atingir 36% no final do ano, se mantido o atual ritmo de crescimento. Trata-se do mais longo ciclo de expansão do crédito dos últimos dez anos, centrado no aumento dos empréstimos às pessoas físicas. O crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) teve um papel relevante nesse processo. Em maio de 2006, alcançou R$ 39,3 bilhões, o equivalente a 48,8% do crédito pessoal.
As taxas de juros, porém, persistem em patamares muito elevados. No consignado, alcançam 36,8% ao ano. Em média, nas operações de crédito às pessoas físicas, as taxas atingem 56,1% ao ano. Isso em um cenário de 4% de inflação e 4,9% de inadimplência dos empréstimos. Nada justifica juros tão altos.
Diante disso, o Ministério da Previdência Social procurou reduzir os juros dos créditos consignados de aposentados e pensionistas. Proibiu cobrança de taxa de abertura de crédito e fixou teto de juros de 2,9% ao mês. Esse movimento foi seguido por governos estaduais e municipais.
As instituições financeiras reagiram e rapidamente diminuíram suas taxas de juros para um patamar inferior ao limite fixado. Isso revela que o setor público (basicamente o Banco Central) e os órgãos de defesa do consumidor têm um papel a cumprir no acirramento da concorrência nesse mercado.
A atuação dos bancos públicos, por exemplo, pode ampliar a concorrência no mercado, estimulando uma redução nas taxas de juros e nos spreads (diferença entre a captação e a aplicação de recursos). Somente com a queda persistente nas taxas de juros e a expansão da renda da famílias haverá a preservação do movimento de ampliação do crédito.


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