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Teto do crédito
O ESTOQUE de crédito saltou
de 23,8% do Produto Interno Bruto em abril de
2003 para 32,6% do PIB em
maio de 2006. Estima-se que essa relação possa atingir 36% no
final do ano, se mantido o atual
ritmo de crescimento. Trata-se
do mais longo ciclo de expansão
do crédito dos últimos dez anos,
centrado no aumento dos empréstimos às pessoas físicas. O
crédito consignado (com desconto em folha de pagamento)
teve um papel relevante nesse
processo. Em maio de 2006, alcançou R$ 39,3 bilhões, o equivalente a 48,8% do crédito pessoal.
As taxas de juros, porém, persistem em patamares muito elevados. No consignado, alcançam
36,8% ao ano. Em média, nas
operações de crédito às pessoas
físicas, as taxas atingem 56,1% ao
ano. Isso em um cenário de 4%
de inflação e 4,9% de inadimplência dos empréstimos. Nada
justifica juros tão altos.
Diante disso, o Ministério da
Previdência Social procurou reduzir os juros dos créditos consignados de aposentados e pensionistas. Proibiu cobrança de
taxa de abertura de crédito e fixou teto de juros de 2,9% ao mês.
Esse movimento foi seguido por
governos estaduais e municipais.
As instituições financeiras reagiram e rapidamente diminuíram suas taxas de juros para um
patamar inferior ao limite fixado. Isso revela que o setor público (basicamente o Banco Central) e os órgãos de defesa do
consumidor têm um papel a
cumprir no acirramento da concorrência nesse mercado.
A atuação dos bancos públicos,
por exemplo, pode ampliar a
concorrência no mercado, estimulando uma redução nas taxas
de juros e nos spreads (diferença
entre a captação e a aplicação de
recursos). Somente com a queda
persistente nas taxas de juros e a
expansão da renda da famílias
haverá a preservação do movimento de ampliação do crédito.
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