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ELIANE CANTANHÊDE
Cicatrizes
BRASÍLIA - Fernando Henrique
Cardoso, do PSDB, e Jorge Bornhausen, do PFL, são os dois mais
ácidos críticos do PT, de Lula e de
seu governo. Não é à toa.
Sociólogo, socialista, professor da
USP perseguido pela ditadura, FHC
foi próximo de Lula e dos que vieram a fundar o PT. Não digere que
os petistas tenham passado oito
anos pregando que seu governo era
o mais corrupto das galáxias, com o
atual ministro Tarso Genro lançando o "fora FHC".
Político profissional, assumidamente de direita, Bornhausen foi
do PDS no regime militar e liderou
a dissidência que apoiou as Diretas
Já, desbancou a candidatura Paulo
Maluf e forjou a aliança com Tancredo Neves, do PMDB.
Tem o pecado do passado, mas
não engole que o PT tenha levado a
vida martelando que a esquerda é
limpa e a direita corrupta para chegar nisso que está aí. Em décadas na
política, Bornhausen não foi pego
em maracutaias -e rejeitou Maluf
justamente por isso.
Tanto FHC como Bornhausen
não são mais candidatos a nada e
caminham para o ocaso político,
ambos desesperados com a possibilidade de Lula, apesar de tudo, conseguir o que nenhum outro presidente conseguiu: um pacto nacional das forças políticas.
Lula desdenha os dois, acha que
Geraldo Alckmin volta à sua real dimensão e investe nos líderes emergentes do PSDB, como José Serra e
Aécio Neves, que devem se eleger
em primeiro turno em dois dos três
principais Estados e serão o peso e o
contrapeso de um novo governo petista -quer dizer, lulista.
Ambos, porém, olham o passado
para agir no presente e articular o
futuro. O PT feriu profundamente e
foi ferido. Há cicatrizes e não haverá pacto. Pode haver acordos pontuais, cercados de desconfiança e
sem fantasias. Muito menos a de
petistas apoiando um tucano para a
Presidência em 2010.
elianec@uol.com.br
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