São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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Editoriais

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Lenta evolução

Dois aspectos do mundo do trabalho perscrutado pelas estatísticas de 2009 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) chamam atenção: o aumento no número de desocupados e a progressão pífia da renda. A persistente informalidade dos laços empregatícios recebe menos destaque, mas também preocupa.
O primeiro resultado tem relação com a crise financeira do ano passado. Em que pese o desempenho relativamente bom da economia brasileira ao longo da tempestade, motivo recorrente de jactância do governo Lula, o nível de ocupação fez água.
Inverteu-se a trajetória de queda desde 2006 na taxa de desocupados, que foi de 7,1% a a 8,3%. O contingente sem trabalho passou de 7,1 milhões de pessoas para 8,4 milhões, um avanço importante de 18,5%, que afetou em especial os mais jovens.
O segundo indicador, rendimento do trabalho, registrou crescimento de 2,2% entre 2008 e 2009, insuficiente para retomar o nível verificado 13 anos antes. Em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso, a média estava em R$ 1.144,00; em 2009, ainda era de R$ 1.111,00.
A precariedade que ronda o trabalhador se manifesta, além disso, no vínculo informal que anos atrás recebia a designação mais direta de "subemprego". É certo que vem caindo o contingente de empregados sem registro na carteira de trabalho, mas de forma lenta: 28,2% persistem nessa condição -um exército de 15,3 milhões de pessoas.
Entre os que trabalham por conta própria também grassa a informalidade. Só 14% dos autônomos prestavam serviços em empreendimentos registrados, com o cadastro de pessoa jurídica (CNPJ).
De maneira análoga à de outras áreas, também na esfera do emprego a Pnad confirma a conclusão de que o Brasil melhorou, mas pouco e devagar -bem mais devagar do que quer fazer crer a propaganda oficial, sempre inclinada a apagar as conquistas do passado e a creditar ao período lulista feitos extraordinários.


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