|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Lenta evolução
Dois aspectos do mundo do trabalho perscrutado pelas estatísticas de 2009 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)
chamam atenção: o aumento no
número de desocupados e a progressão pífia da renda. A persistente informalidade dos laços empregatícios recebe menos destaque, mas também preocupa.
O primeiro resultado tem relação com a crise financeira do ano
passado. Em que pese o desempenho relativamente bom da economia brasileira ao longo da tempestade, motivo recorrente de jactância do governo Lula, o nível de
ocupação fez água.
Inverteu-se a trajetória de queda desde 2006 na taxa de desocupados, que foi de 7,1% a a 8,3%. O
contingente sem trabalho passou
de 7,1 milhões de pessoas para 8,4
milhões, um avanço importante
de 18,5%, que afetou em especial
os mais jovens.
O segundo indicador, rendimento do trabalho, registrou crescimento de 2,2% entre 2008 e
2009, insuficiente para retomar o
nível verificado 13 anos antes. Em
1996, no governo Fernando Henrique Cardoso, a média estava em
R$ 1.144,00; em 2009, ainda era
de R$ 1.111,00.
A precariedade que ronda o trabalhador se manifesta, além disso, no vínculo informal que anos
atrás recebia a designação mais
direta de "subemprego". É certo
que vem caindo o contingente de
empregados sem registro na carteira de trabalho, mas de forma
lenta: 28,2% persistem nessa condição -um exército de 15,3 milhões de pessoas.
Entre os que trabalham por conta própria também grassa a informalidade. Só 14% dos autônomos
prestavam serviços em empreendimentos registrados, com o cadastro de pessoa jurídica (CNPJ).
De maneira análoga à de outras
áreas, também na esfera do emprego a Pnad confirma a conclusão de que o Brasil melhorou, mas
pouco e devagar -bem mais devagar do que quer fazer crer a propaganda oficial, sempre inclinada
a apagar as conquistas do passado
e a creditar ao período lulista feitos extraordinários.
Texto Anterior: Editoriais: Castro em seu aquário Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: O sigilo das vítimas Índice | Comunicar Erros
|