São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Há vida além de São Paulo

BRASÍLIA - Ao se encontrar com os prefeitos do PT eleitos ou reeleitos no primeiro turno em capitais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhes pediu que dessem uma "mãozinha" para a candidatura Marta Suplicy no segundo turno. Especialmente os nordestinos, já que São Paulo é a capital nacional dos nordestinos.
Cá com os nossos botões, não deveria ser o contrário? Em vez de Marcelo Déda (Aracaju) e João Paulo (Recife) darem uma força em São Paulo, por que São Paulo não dá mais força para o Norte e o Nordeste?
Aliás, os prefeitos eleitos estavam ali, no Planalto, cara a cara com o presidente da República, justamente para dar esse recado nada sutil: "Lula, lembre-se da gente! O mundo não começa e acaba em São Paulo!".
Além de Déda e de João Paulo, estavam ali os eleitos de Belo Horizonte, de Rio Branco, de Macapá e de Palmas. O mais poderoso é justamente o que está geograficamente mais ao sul, Fernando Pimentel, de BH. E todos se queixam, intramuros, da hegemonia e do egocentrismo paulista.
Imagine se Luizianne Lins, em Fortaleza, e Nelson Pellegrino, em Salvador, tivessem tido 0,001% do apoio ($) que Marta Suplicy teve e continua tendo em São Paulo? Tudo o que Luizianne teve foram 50 mil adesivos. E ela pagou o frete.
Candidatos do PT no segundo turno também se reuniram, só que em São Paulo, com a Executiva Nacional. O que eles querem? Ora, ora, presença, apoio, recursos.
Os eleitos nordestinos foram chamados a ajudar Marta em São Paulo, mas os ministros, nordestinos ou não, estão sendo chamados pelos correligionários de Fortaleza e do resto do país a dar o ar da presença.
São Paulo é decisivo por todos os motivos, mas o PT não pode perder perspectiva. O partido tem o poder federal, ampliou seus espaços nas capitais e nos grandes centros e vai enfrentar muitas disputas pela frente nos próximos anos.
Convém investir pesado em São Paulo, mas sem gastar todas as suas fichas ali, nem deixar um rastro de amarguras ao longo do caminho.



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