|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
A farsa antiprivatista
HÁ CERCA de um ano, em
pleno segundo turno da
disputa presidencial, a
campanha petista se preocupava
em eximir-se de quaisquer intenções privatistas. Lançava toda a carga dessas políticas contra
a chapa de Geraldo Alckmin. A
estratégia eleitoral deu certo,
mas escondeu a verdade.
Ontem a segunda gestão Luiz
Inácio Lula da Silva privatizou
2.600 km de rodovias federais.
Concedeu a empresas o direito
de explorar 36 postos de pedágio
em vias importantes como a Fernão Dias (que conecta São Paulo
a Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba).
Em troca, os vencedores do leilão terão de realizar nos próximos 25 anos, o prazo das concessões, investimentos estimados
em R$ 20 bilhões. Entram na
conta gastos com instalação e
manutenção de asfalto e de dispositivos de segurança, bem como melhorias como a duplicação
de alguns trechos e a construção
de trevos e passarelas.
Deixadas ao poder público, tais
tarefas não seriam realizadas.
Importantes artérias viárias do
país continuariam entregues à
deterioração e à insegurança. Os
sete trechos leiloados na Bovespa receberam de janeiro a agosto
R$ 10 mil do governo federal.
A privatização de rodovias de
grande fluxo parte de um princípio de justiça: o usuário, e não o
conjunto dos contribuintes, é
quem custeia a manutenção e as
melhorias. O sucesso do modelo
é incontestável. Na sua mais recente pesquisa sobre a malha
viária nacional, a Confederação
Nacional dos Transportes considerou "totalmente perfeito" o
pavimento de 86% das estradas
privatizadas, contra 46% no caso
das geridas pelo Estado.
Se o governo Lula acabou praticando a privatização que condenou na campanha, é fato que a
resistência ideológica do petismo nostálgico conseguiu retardar o processo de concessões à
iniciativa privada no país.
Estradas como a Fernão Dias e
a Régis Bittencourt deveriam ter
sido privatizadas há muitos anos.
Sob leilão, neste momento, deveriam estar os principais portos e
aeroportos do país.
Texto Anterior: Editoriais: Outros ventos Próximo Texto: Montreux - Clóvis Rossi: De flores e Rolex Índice
|