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CONFINS DO SISTEMA
As sondas Voyager não cessam
de surpreender. Vinte e seis
anos depois de seu lançamento, a
Voyager-1 pode ter chegado aos confins do Sistema Solar. Dados enviados pelo aparelho revelam que ele
pode ter atingido uma área do espaço, a 12,7 bilhões de quilômetros do
Sol, em que a radiação solar se torna
tão fraca que é contrabalançada pela
radiação emitida por outras estrelas.
As medições transmitidas ainda
dão margem a disputas, mas já se
pode afirmar que a Voyager-1 se encontra pelo menos próxima à zona
de transição para fora do Sistema Solar. Mais importante, os dados que
ela enviou indicam que os modelos
teóricos sobre o espaço interestelar
precisam ser revistos.
As missões Voyager são uma história de sucessos, esperados e inesperados. Pelo plano original, elas visitariam apenas Júpiter e Saturno. Depois disso, alguns de seus sistemas
poderiam deixar de funcionar. Só
que a maioria deles seguiu operacional e, como bônus, a Voyager-2 enviou informações sobre Urano e Netuno. Agora, a Voyager-1 manda dados sobre os confins do Sistema Solar. Em breve, sua irmã deverá fazer o
mesmo. As baterias das naves devem
durar até 2020.
É claro que missões não-tripuladas
não conservam o mesmo romantismo das tripuladas. O mundo parou
para assistir à chegada do homem à
Lua, em 1969. O mesmo não acontece com o pouso de uma sonda. Mas o
volume e a qualidade dos dados científicos que as missões não-tripuladas
produziram justificam seus orçamentos, aliás muito inferiores aos de
naves que carregam homens.
É verdade que os dois tipos de exploração não se excluem. Eles até se
complementam. Se quisermos levar
o homem a Marte dentro de alguns
anos, precisamos antes, para maximizar o interesse científico da missão, reunir mais informações sobre o
planeta, o que exige novas sondas.
Missões não-tripuladas podem
não ter o mesmo charme daquelas
que levam astronautas, mas produzem informações úteis para os cientistas e assim, de algum modo, tornam o Universo um lugar menos estranho para o homem.
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