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VINICIUS TORRES FREIRE
A dança das quadrilhas
SÃO PAULO - Uma rede nacional de quadrilhas associa bandidos e funcionários do Estado. A Operação Anaconda, da Polícia Federal, detectou
novos fios dessa teia, uma ameaça institucional muito séria, coisa que a
demonização caricata do juiz Rocha Mattos pode obscurecer.
A fim de entender algo do perigo dessa rede, considere-se o seguinte resumo preliminar -direto aos fatos, sem comentários:
1. Um juiz investigado na Operação
Anaconda é acusado de favorecer Roberto Eleutério da Silva, o "Lobão",
megacontrabandista de cigarros e
corruptor de policiais;
2. A Polícia Rodoviária Federal e diversas CPIs colocam na mesma rede
"Lobão" e Ari Natalino, acusado de
manter o maior esquema de fraudes
de combustíveis do país, fraudes que
prosperam com a ajuda da indústria
de liminares;
3. A Polícia Federal registrou conversas de traficantes sobre Vicente
Leal, ministro do Superior Tribunal
de Justiça (hoje afastado do STJ),
quando tratavam de negócios com
decisões judiciais;
4. Ao investigar o caso Leal, a PF
acusou a atuação do então deputado
federal Pinheiro Landim na venda de
habeas corpus para o traficante Leonardo Mendonça, o "Leo", amigo de
Fernandinho Beira-Mar;
5. "Leo" trabalhava com doleiros do
Pará: os doleiros do caso Sudam;
6. Parentes de altos juízes federais
são acusados de negociar decisões judiciais com a quadrilha do "comendador" Arcanjo, barão do crime do
Mato Grosso com filiais no jogo ilegal
de Rio, Minas e Paraná;
7. Arcanjo lavava seu dinheiro por
meio de contas CC-5 do Banestado,
como tantos outros traficantes, tais
como Sâmia Haddock Lobo;
8. Sâmia foi mulher de "Curica", o
"Rei do Pó", que dava dinheiro ao filho do ex-governador do Acre Orleir
Camelli, dono de seis CPFs e aliado do
ex-deputado e ex-coronel PM Hildebrando Pascoal, o maníaco da motosserra. Essa gente e outras 820 pessoas
foram indiciadas pela CPI do Narcotráfico. Eram juízes, deputados, delegados, oficiais da PM e bandidos comuns de vários Estados.
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