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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Lula e a Operação Anaconda

BRASÍLIA - Entre as heranças benditas que recebeu de FHC, o PT pode com justiça colocar a Operação Anaconda. Iniciada na administração tucana, essa ofensiva contra a corrupção poderá resultar na modernização do mais inexpugnável de todos os Três Poderes, o Judiciário.
Depois da ditadura militar (1964-1985), Executivo e Legislativo passaram por um duríssimo processo de escrutínio. Um presidente, Collor, sofreu processo de impeachment.
Mais de uma dezena de deputados já foram expelidos da Câmara. Até o conservador Senado começou a cassar -sem contar dois ex-presidentes da Casa, ACM e Jader, forçados a renunciar ao mandato para não perder os direitos políticos.
Evidentemente que o Palácio do Planalto e o Congresso não são exemplos acabados de retidão ética. Mas, forçados a andar na linha, respondem com uma depuração constante. Hoje, são instituições -não importa quem as ocupa- bem mais sólidas e passíveis de cobrança pública do que eram em 1985.
E o Poder Judiciário? São conhecidas pouquíssimas histórias de punição exemplar de um juiz. É possível que os magistrados brasileiros tenham um padrão ético e moral muito melhor do que deputados, senadores, governadores e presidente da República? Difícil responder.
Tudo somado, o presidente Lula tem uma oportunidade rara nas mãos. Com a prisão de um juiz em São Paulo e outros tantos ameaçados de irem para a cadeia, amadureceu com velocidade nunca vista a necessidade de reformar o Judiciário.
Nesse cenário, chama a atenção que Lula até o momento tenha recusado o convite do presidente do STF, Maurício Corrêa, para que os Três Poderes se reúnam e discutam a reforma do Judiciário. Lula não aceita o convite por não simpatizar com Corrêa. É muito pouco para desperdiçar a janela que se abriu para uma das mais importantes reformas institucionais de que o país precisa.


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