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FERNANDO RODRIGUES
Obama e a academia
CAMBRIDGE - Massachusetts
deu 62% dos votos para Barack
Obama. A descriminalização da
posse de maconha (até 30 gramas)
teve mais apoio: 65%.
Mas nada se compara em liberalismo a Cambridge, cidadezinha de
Massachusetts onde está Harvard,
universidade na qual o presidente
eleito dos EUA se formou em direito. Aqui, o democrata conseguiu obter mais votos (88%) até do que a liberação da maconha (80%).
Harvard virou a "disneylândia do
obamismo". A menção ao nome do
futuro ocupante da Casa Branca arranca aplausos em almoços e jantares nos salões da universidade.
O jornal local, "The Boston Globe", contabilizou "quase duas dúzias" de professores se autoproclamando mentores do jovem Obama.
Há também os cristãos-novos, como Larry Summers, economista de
Harvard e agora na equipe da transição do novo presidente. Pelo menos dois ex-colegas de classe do democrata também já foram convocados para ajudar.
Harvard tem tradição de influenciar presidentes. John Kennedy é
um exemplo. Natural de Massachusetts, inundou seu governo com
gente da universidade. Depois do
seu assassinato, em 1963, a estrutura foi herdada por Lyndon Johnson. Nunca deu muito certo. A
Guerra do Vietnã está nos livros de
história para provar.
Não está claro se Barack Obama
cometerá o mesmo erro, dando poder excessivo aos acadêmicos. Mas
essa turma vai seguramente influenciá-lo, pois ele mantém contato freqüente com professores de
Harvard.
Um sinal já visível é o pouco caso
dos obamistas a respeito da cúpula
do G20 sobre a crise financeira internacional. Em Harvard, muitos
desdenham a iniciativa. Obama, por
enquanto, embarcou nessa canoa.
Apesar de ter pregado o multilateralismo em sua campanha, a opinião da patota da universidade parece estar falando mais alto.
frodriguesbsb@uol.com.br
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