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A sinuca dos pneus
ESTÁ PRESTES a concluir-se a
arrastada disputa sobre
pneus usados que opõe
União Européia e Brasil na Organização Mundial do Comércio. O
Órgão de Apelação reiterou em
decisão final que é legítimo uma
nação considerar necessário banir a importação de pneus usados por razões ambientais. Não
deu inteira razão aos argumentos brasileiros, contudo.
A UE exporta carcaças de
pneus a custo irrisório para se livrar de um tipo de lixo especialmente problemático. Se a remoldagem configurasse solução eficaz, decerto seria praticada lá em
escala suficiente para prescindir
da exportação do problema.
No Brasil, a destinação habitual de pneus velhos é o leito de
rios. Pneumáticos remoldados
só representariam uma contribuição para minorar o acúmulo
se tivessem duração igual ou superior aos novos (como de resto
alegam empresas de remoldados). Organizações ambientais
contestam que seja esse o caso. É
evidente, de todo modo, que tal
opção só traria vantagens ao país
se o reaproveitamento reciclasse
carcaças aqui produzidas.
Embora o governo federal tenha erigido o raciocínio em política oficial, as importações prosseguem, seja por força de medidas liminares, seja por procederem de nações parceiras do Mercosul (Uruguai e Paraguai). No
ano passado, vieram 7,5 milhões
de unidades. Foi ao recurso da
UE contra essas duas brechas
que a OMC reconheceu razão.
A OMC deu prazo de 60 dias
para o Brasil informar como pretende aplicar a medida com coerência. Será incontornável interditar as importações.
No caso do Mercosul, haverá
tensão política no bloco, já às
voltas com espinhoso conflito
entre Uruguai e Argentina em
torno de fábricas de celulose. No
caso das liminares, só resta ao
governo torcer para que o Judiciário reconheça a primazia da
questão e lhe providencie uma
solução adequada.
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