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CARLOS HEITOR CONY
Prós e contras
RIO DE JANEIRO - Muita gente
ficou com as manifestações populares a favor do governador Arruda,
em Brasília. Num primeiro exame
do fenômeno, a tradição explica que
são forças comprometidas com o
próprio Arruda, gente que é mobilizada, à custa de dinheiro ou de favores, para ocupar as ruas e tentar
neutralizar a maré contrária.
É evidente que não se descarta
essa possibilidade, a máquina do
governo distrital incentivando um
apoio ao governador em apuros.
Mas muitos dos manifestantes não
estão alugados, foram para as ruas a
fim de expressar um apoio por alguma coisa que Arruda fez de bom.
É nesse ponto, exatamente, que
reside a excelência do regime democrático: os pontos de vista contrários numa sociedade que é heterogênea por definição. Nem as manifestações contrárias ou favoráveis ao governador somente deverão ser pesadas e medidas na fase
dos finalmentes, que pertence à polícia e à Justiça, no caso, os Tribunais Superiores.
Reconheça-se que a situação de
Arruda e do vice, Paulo Octávio, não
é confortável. O julgamento das
ruas é peça importante, mas não
determinante. O clamor popular
pode ser manipulado, e não é unânime -como se viu na última terça-feira. No saco de desditas do governador, a plebe rude destacou pontos positivos. E, se isso não anula as
muitas provas de sua prevaricação,
pelo menos emite um sinal de esperança que talvez não dê para evitar
o pior.
Venho insistindo num ponto que
torna a democracia representativa
vulnerável a diversos tipos de corrupção. O voto custa caro, cada vez
mais caro, e facilmente é superfaturado. Nesse nó se situam os mensalões e toda espécie de corrupção
eleitoral que degrada a nossa vida
pública e desmoraliza a classe
política.
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