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CLÓVIS ROSSI
Lula, Kirchner e os holofotes
MONTERREY - Atração, eventualmente principal, de todos os eventos
internacionais de que participou no
ano passado, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva corre o sério risco de
perder a posição para seu colega argentino, Néstor Kirchner, na Cúpula
das Américas, que começa amanhã
em Monterrey, quase fronteira com
os Estados Unidos.
Culpa, se há, é do governo norte-americano, que andou fazendo críticas a uma suposta (ou real) esquerdização de Kirchner, o que causa "desapontamento" em Washington.
Acontece que Lula faz um baita esforço para camuflar os conflitos, o
que não os resolve, mas lhes tira a estridência. Já Kirchner é louco para
comprar brigas, mais ainda quando
são os outros que começam.
O argumento que se ouve na Casa
Rosada sobre a crítica norte-americana é indesmentível: os Estados
Unidos nunca demonstraram "desapontamento" com Carlos Menem e
com Fernando de la Rúa, os antecessores de Kirchner, que, no entanto,
terminaram fugindo.
Um fugiu da Casa Rosada, a sede
do governo argentino. O outro fugiu
do segundo turno da eleição contra o
próprio Kirchner.
Logo, conclui o raciocínio, se os Estados Unidos se encantam com um
governo, não significa que ele vá dar
certo. O diabo é que não é possível fazer o raciocínio inverso: se os EUA se
desencantam com um governo, não
quer dizer que vá dar certo.
É um jogo de alto risco, ainda mais
em um palco em que também estará
presente o venezuelano Hugo Chávez, o mais histriônico dos presidentes latino-americanos, louquinho por
câmeras e microfones para desandar
a falar.
Aqui em Monterrey, não estão previstos discursos formais, mas "intervenções" dos governantes que quiserem fazê-las -sobre o tema que lhes
aprouver. Nada impede que Bush,
Kirchner, Chávez ou todos eles toquem em nervos expostos nas suas
"intervenções" e levem o troco. Lula
terá o que dizer nesse caso?
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