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CARLOS HEITOR CONY
O beijo da morte
RIO DE JANEIRO - Todo mundo morre, o Sol brilha, a chuva molha, o frio
esfria, o calor aquece. As coisas se
complicam quando se procura saber
por que todo mundo morre, por que o
Sol brilha etc. Aí entra aquilo que os
filósofos chamam de especulação, os
cientistas, de pesquisa, e os desocupados, de palpite.
Na semana passada, botaram mais
lenha na fogueira sobre o acidente
que matou Lady Di. Em carta ao
mordomo -há sempre um mordomo, inocente ou culpado, o mordomo
é indispensável sempre que há um
crime envolvendo ingleses-, a princesa acusa o marido de estar tramando a morte dela.
Teorias conspiratórias costumam
aparecer quando morre alguém que
o mundo considera importante. Para
não ir muito longe, temos a morte de
Cristo e a de Sócrates, que têm versões diferentes. Salomão Reinach, no
século 19, levantou a suspeita de que
o crucificado no Calvário era um discípulo de Cristo, e não o próprio. Sócrates não teria bebido filosoficamente a cicuta que lhe deram.
Napoleão foi envenenado com arsênico pelos seus carcereiros ingleses e
Zola não morreu num acidente com
a calefação de seu quarto, mas vítima
de uma vingança por causa de sua
atitude no caso Dreyfus.
E casos recentes, como na morte de
Kennedy, de Marilyn Monroe, de JK,
de Jango e de Lacerda, até mesmo de
Tancredo Neves e de Castelo Branco,
até hoje servem de pasto para curiosos de diversos calibres -sendo eu
próprio um fuçador intermitente de
alguns deles, embora sem chegar a
nenhuma conclusão.
No caso específico de Lady Di, embora eu nunca tenha perdido tempo
em pensar nela e em sua morte, acho
a coisa mais simples, a partir de um
detalhe: o príncipe Charles não faz o
gênero. Mais facilmente teria tido casos estranhos com homens de sua
equipe, acusação que surgiu recentemente. É problema dele, não nosso.
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