São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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CARLOS HEITOR CONY

O beijo da morte

RIO DE JANEIRO - Todo mundo morre, o Sol brilha, a chuva molha, o frio esfria, o calor aquece. As coisas se complicam quando se procura saber por que todo mundo morre, por que o Sol brilha etc. Aí entra aquilo que os filósofos chamam de especulação, os cientistas, de pesquisa, e os desocupados, de palpite.
Na semana passada, botaram mais lenha na fogueira sobre o acidente que matou Lady Di. Em carta ao mordomo -há sempre um mordomo, inocente ou culpado, o mordomo é indispensável sempre que há um crime envolvendo ingleses-, a princesa acusa o marido de estar tramando a morte dela.
Teorias conspiratórias costumam aparecer quando morre alguém que o mundo considera importante. Para não ir muito longe, temos a morte de Cristo e a de Sócrates, que têm versões diferentes. Salomão Reinach, no século 19, levantou a suspeita de que o crucificado no Calvário era um discípulo de Cristo, e não o próprio. Sócrates não teria bebido filosoficamente a cicuta que lhe deram.
Napoleão foi envenenado com arsênico pelos seus carcereiros ingleses e Zola não morreu num acidente com a calefação de seu quarto, mas vítima de uma vingança por causa de sua atitude no caso Dreyfus.
E casos recentes, como na morte de Kennedy, de Marilyn Monroe, de JK, de Jango e de Lacerda, até mesmo de Tancredo Neves e de Castelo Branco, até hoje servem de pasto para curiosos de diversos calibres -sendo eu próprio um fuçador intermitente de alguns deles, embora sem chegar a nenhuma conclusão.
No caso específico de Lady Di, embora eu nunca tenha perdido tempo em pensar nela e em sua morte, acho a coisa mais simples, a partir de um detalhe: o príncipe Charles não faz o gênero. Mais facilmente teria tido casos estranhos com homens de sua equipe, acusação que surgiu recentemente. É problema dele, não nosso.



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