São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003 |
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ELIANE CANTANHÊDE Pacotinho
BRASÍLIA - Poucas vezes se viu uma coisa assim: o presidente da República reunir todos os ministros das 10h
às 19h para anunciar 14 medidinhas.
Reunir o primeiro escalão para um
balanço, tudo bem. Ministérios
anunciando medidinhas, vá lá. Mas
misturar tudo e dar ares de grande
dia a isso? Ficou evidente que se tratou não de uma operação governamental, mas de marketing. Aliás,
com o dedo de Duda Mendonça.
Entre as notícias requentadas ou
corriqueiras, o governo listou ontem
o preenchimento de 3.000 vagas ociosas em universidades, 9% a mais nas
bolsas do CNPq, compra de computadores para os Correios, aumento de
quadros da Polícia Rodoviária. Ah! E
o início da recriação da Sudene.
Nada contra. Ao contrário, tudo a
favor de todas essas manifestações de
boa vontade com cidadãos/usuários.
A questão não é essa, é de forma. Para que tanto barulho para tão pouco?
Para que tantos ministros reunidos
para anúncios tão triviais?
Aliás, uma coisa não ficou clara: o
famoso "quanto custa?". O governo
Lula aumentou o superávit primário
para 4,25% do PIB, um arrocho danado. Mas, somando uma medidinha daqui e outra dali, quanto tudo
vai sair para os cofres públicos? Nem
é tanto, mas tem de ser transparente.
Em resumo, o governo anunciou
um corte imenso de gastos públicos,
reafirmou que "a área social não vai
sofrer" e tentou distrair a turma (nós
todos) com várias ações baratinhas e
que nem primam pela criatividade.
No máximo, são "o possível".
Depois de cerca de 40 dias, portanto, o governo Lula mostrou com a
reunião de ontem que: 1) está preocupado com a acusação de ter sido eleito para "mudar" e estar, meramente,
repetindo o governo FHC; 2) está cedendo à ansiedade e à pressão, que
são principalmente petistas, de mostrar resultados logo, já.
E como reagiu? Dá-lhe marketing! |
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