São Paulo, quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

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Editoriais

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Acima da média

É CERTO que o ministro da Educação foi cauteloso na entrevista publicada nesta semana pela Folha. Buscou preservar-se e não deixou de lançar mão do recurso ao autoelogio, irresistível para políticos. Ainda assim, Fernando Haddad contribuiu com o debate público ao admitir falhas em sua gestão.
Sobre a sucessão de problemas enfrentados pelo Exame Nacional do Ensino Médio, em seu novo formato, o ministro consentiu que a empresa vencedora da licitação para realizar a prova não possuía a mesma competência de outras instituições participantes da disputa, detentoras de reconhecida experiência.
Contribuiu para o resultado a pressa do governo em transformar uma bem-sucedida avaliação de desempenho em método de seleção para faculdades e universidades públicas.
Haddad classificou como um "trauma" os problemas decorrentes do furto da prova, ainda na fase de impressão. A falha de segurança obrigou o ministério a adiar a realização do exame, para prejuízo dos estudantes e da credibilidade do Enem.
Têm sido bem orientadas, contudo, as políticas para a educação desde que o ministro assumiu a pasta, em 2005.
Ampliou-se a obrigatoriedade do ensino, que será estendida gradativamente ao antigo segundo grau e à pré-escola; verbas destinadas por lei à educação, antes passíveis de desvio para outros gastos, foram novamente vinculadas ao seu destino; apostou-se em uma política de avaliação do aprendizado dos alunos; e gastos da União com o ensino fundamental cresceram.
Nada disso impediu, no entanto, que os avanços fossem lentos e atrapalhados por problemas de gestão. Só tardiamente o governo Lula elegeu a educação como uma de suas prioridades, e isso se reflete no desempenho dos alunos, que conheceu pouca melhora nos últimos anos.


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