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RICARDO MELO
Inferno astral
SÃO PAULO - José Serra está
diante de uma decisão política dramática. Lideranças tucanas dão como favas contadas a sua candidatura à Presidência da República. Já falam em comparar a biografia do ex-militante da Ação Popular com a da
ex-militante da VAR-Palmares e
colocam Serra em um tour país afora e Estado adentro para ampliar
sua visibilidade -com direito a Madonna e recadinhos via Twitter.
Os resultados, no entanto, têm sido magérrimos. As pesquisas eleitorais, todas elas, exibem Serra na
descendente e Dilma ladeira acima.
Aliados do tucano alegam que a trajetória atual era esperada, uma vez
que Dilma é candidata assumida,
tem o apoio de um campeão de popularidade e conta com a máquina
federal. Já os rivais veem uma tendência irresistível a favor da petista.
De todo modo, os lances mais recentes do xadrez eleitoral são desfavoráveis ao governador. O presidente do PSDB, Sergio Guerra, adora falar, mas, quando fala, gela a espinha dos correligionários. A entrada em cena do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se fez algum barulho, irritou os tucanos que
aceitam tudo, menos o que o FHC
propôs: o tal debate plebiscitário
com o governo Lula. No Congresso,
a refrega mostra-se previsível e desanimadora, com oposição e governo trocando xingamentos.
Num cenário em que inclusive a
meteorologia parece atrapalhar,
Serra tem cada vez menos tempo
para escolher entre uma possível
reeleição estadual e o imponderável
no plano nacional. Além dos números das pesquisas; da água que sobra
na propaganda da Sabesp, mas falta
nas torneiras de contribuintes; e da
fragilidade do discurso do partido
que o abriga, não escapa ao governador o fato de que o principal aliado do PSDB, o DEM, carrega o fardo
de um megaescândalo de Brasília.
Serra nunca foi daqueles de ir para o sacrifício "em nome do partido", até porque um partido como o
PSDB nunca faria isso por ele ou
qualquer de seus caciques. Não será
surpresa se, na hora H, o refúgio dos
Bandeirantes falar mais alto.
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