São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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VALDO CRUZ

A eleição do mínimo

BRASÍLIA - Depois da batalha interna para definir o mínimo do mínimo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai enfrentar agora a oposição e os aliados na votação da medida provisória que fixou o salário mínimo em R$ 260.
É mais desgaste à vista. E será provocado principalmente pelos aliados petistas, que andam propondo aumentos bem maiores do que os que estão sendo aventados pela oposição tucana e pefelista.
No final das contas, talvez tenha sido até sorte de Lula que a presidência da comissão que vai analisar o novo mínimo tenha ficado com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O tucano anda irritado com o ministro José Dirceu (Casa Civil), que, na busca por recuperar o espaço político perdido, elegeu o PSDB como um de seus alvos preferidos.
Mas Tasso não quer usar a comissão do mínimo para se vingar. Promete, juntamente com o relator Rodrigo Maia (PFL-RJ), propor um valor baseado em estudos técnicos.
Ele acredita que haja espaço no Orçamento para um mínimo na casa dos R$ 275 por causa do aumento na carga tributária promovido pelo governo Lula. Talvez um pouco menos, por volta de R$ 270.
Os debates começam nesta semana. Nessa fase, o presidente Lula sofrerá com os ataques de sempre, mas o verdadeiro teste do governo virá quando o tema for a votação no plenário.
Quanto mais tempo demorar, pior para o governo. Mais próximo estará da eleição municipal. Ficará cada vez mais difícil para um deputado ou senador votar contra um salário mínimo maior num ano de cata de votos.
Como irão comportar-se, por exemplo, dois parlamentares que vão se enfrentar na eleição de Salvador: o deputado petista Nelson Pelegrino e o senador pefelista César Borges.
Ou seja, não será fácil evitar um aumento do mínimo. Em último caso, apostam alguns assessores presidenciais, Lula veta. Se não deu antes, por que aceitaria depois?


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