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VALDO CRUZ
A eleição do mínimo
BRASÍLIA - Depois da batalha interna para definir o mínimo do mínimo, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vai enfrentar agora a oposição e
os aliados na votação da medida provisória que fixou o salário mínimo
em R$ 260.
É mais desgaste à vista. E será provocado principalmente pelos aliados
petistas, que andam propondo aumentos bem maiores do que os que
estão sendo aventados pela oposição
tucana e pefelista.
No final das contas, talvez tenha sido até sorte de Lula que a presidência
da comissão que vai analisar o novo
mínimo tenha ficado com o senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O tucano anda irritado com o ministro José Dirceu (Casa Civil), que,
na busca por recuperar o espaço político perdido, elegeu o PSDB como um
de seus alvos preferidos.
Mas Tasso não quer usar a comissão do mínimo para se vingar. Promete, juntamente com o relator Rodrigo Maia (PFL-RJ), propor um valor baseado em estudos técnicos.
Ele acredita que haja espaço no Orçamento para um mínimo na casa
dos R$ 275 por causa do aumento na
carga tributária promovido pelo governo Lula. Talvez um pouco menos,
por volta de R$ 270.
Os debates começam nesta semana.
Nessa fase, o presidente Lula sofrerá
com os ataques de sempre, mas o verdadeiro teste do governo virá quando
o tema for a votação no plenário.
Quanto mais tempo demorar, pior
para o governo. Mais próximo estará
da eleição municipal. Ficará cada vez
mais difícil para um deputado ou senador votar contra um salário mínimo maior num ano de cata de votos.
Como irão comportar-se, por exemplo, dois parlamentares que vão se
enfrentar na eleição de Salvador: o
deputado petista Nelson Pelegrino e o
senador pefelista César Borges.
Ou seja, não será fácil evitar um
aumento do mínimo. Em último caso, apostam alguns assessores presidenciais, Lula veta. Se não deu antes,
por que aceitaria depois?
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