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ELIANE CANTANHÊDE
Ruim com ela, pior sem ela
BRASÍLIA - Quem viaja aos EUA sente duas coisas: a Varig está numa decadência horrorosa, mas o que será
de nós, brasileiros, sem a Varig?
Ela cancelou meu vôo direto para
Los Angeles. Tive de ir via Nova York,
com conexão doméstica da United
Airlines. De Brasília a LA, 27 horas!
Na Varig, a luz e/ou fones de algumas cadeiras não funcionavam, e o
banheiro da classe executiva nem papel de enxugar a mão tinha, quanto
mais a bolsinha de primeiras necessidades. Imagine na econômica.
Na United, o oposto. Cadeiras fantásticas, TVs individuais, filmes à escolha, boa comida. Mas como a linha
doméstica dá de dez na internacional
para o Brasil? Avião para americano
é um e para subdesenvolvido é outro?
E na volta? Jamais vi funcionários
tão estúpidos como os da American
Airlines, que te fazem sentir uma
subpessoa, ou sub-raça. "Socorro! Cadê a Varig?". O pessoal da Varig é
uma espécie de posto avançado de
embaixadas e consulados, quebrando galhos incríveis a qualquer hora.
A TAM vem tentando ocupar esse
espaço e já é, também, a primeira no
mercado doméstico. A Gol continua
crescendo e jogando as asas para as
rotas internacionais. E há outras
companhias se firmando no mercado. Mas, se a Varig conseguir sobreviver, bem enxuta, é bom para todos.
Isto aqui não é uma defesa do uso
de dinheiro público (o meu, o seu e o
de quem anda de ônibus, a pé ou descalço) para salvar empresas privadas.
Pelo contrário. Sou contra.
Mas é, sim, uma torcida (e torcidas
não são racionais) para o mercado e
os atores envolvidos chegarem a bom
termo. A Varig nunca mais será a
mesma, muitos funcionários e vôos
vão dançar, mas tomara que a parte
internacional, pelo menos, sobreviva.
Até para que a gente se livre da prepotência -racismo?- de companhias como a American. Vade retro.
@ - elianec@uol.com.br
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