São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Ruim com ela, pior sem ela

BRASÍLIA - Quem viaja aos EUA sente duas coisas: a Varig está numa decadência horrorosa, mas o que será de nós, brasileiros, sem a Varig?
Ela cancelou meu vôo direto para Los Angeles. Tive de ir via Nova York, com conexão doméstica da United Airlines. De Brasília a LA, 27 horas!
Na Varig, a luz e/ou fones de algumas cadeiras não funcionavam, e o banheiro da classe executiva nem papel de enxugar a mão tinha, quanto mais a bolsinha de primeiras necessidades. Imagine na econômica.
Na United, o oposto. Cadeiras fantásticas, TVs individuais, filmes à escolha, boa comida. Mas como a linha doméstica dá de dez na internacional para o Brasil? Avião para americano é um e para subdesenvolvido é outro?
E na volta? Jamais vi funcionários tão estúpidos como os da American Airlines, que te fazem sentir uma subpessoa, ou sub-raça. "Socorro! Cadê a Varig?". O pessoal da Varig é uma espécie de posto avançado de embaixadas e consulados, quebrando galhos incríveis a qualquer hora.
A TAM vem tentando ocupar esse espaço e já é, também, a primeira no mercado doméstico. A Gol continua crescendo e jogando as asas para as rotas internacionais. E há outras companhias se firmando no mercado. Mas, se a Varig conseguir sobreviver, bem enxuta, é bom para todos.
Isto aqui não é uma defesa do uso de dinheiro público (o meu, o seu e o de quem anda de ônibus, a pé ou descalço) para salvar empresas privadas. Pelo contrário. Sou contra.
Mas é, sim, uma torcida (e torcidas não são racionais) para o mercado e os atores envolvidos chegarem a bom termo. A Varig nunca mais será a mesma, muitos funcionários e vôos vão dançar, mas tomara que a parte internacional, pelo menos, sobreviva.
Até para que a gente se livre da prepotência -racismo?- de companhias como a American. Vade retro.

@ - elianec@uol.com.br


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