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RUY CASTRO
De cabeça para baixo
RIO DE JANEIRO - Uma operação pente fino (nem precisava) na
penitenciária de Salvador, na semana passada, revelou que um influente traficante local mantinha
em sua cela duas geladeiras, uma
TV de plasma, um aparelho de
DVD, equipamentos de ginástica,
uma sortida despensa, uma cama
de casal, duas pistolas 9 mm e R$
250 mil em dinheiro. E há quem
ache precárias as condições de vida
nas penitenciárias brasileiras.
Também outro dia, em Boa Vista
(RR), a Polícia Federal prendeu o
procurador-geral do Estado, um
major da Polícia Militar, dois empresários e outros quatro suspeitos
de compor uma rede de pedofilia,
prostituição infantil e tráfico de
drogas. O estoque de acusações é
pesado: estupro, atentado violento
ao pudor, submissão de menores à
corrupção, formação de quadrilha.
Em São Paulo, um dos principais
chefes do Detran foi preso, acusado
do desvio de 200 quilos de cocaína
no tempo em que atuava no Departamento Estadual de Investigações
sobre Narcóticos (Denarc). Afastado do Denarc durante as investigações, foi transferido para o Detran,
onde se envolveu na máfia das carteiras de habilitação.
Ainda em São Paulo, na rua Augusta, um PM à paisana foi agredido
no domingo último por skinheads
ao tentar defender um rapaz a
quem eles estariam dirigindo ofensas racistas e homofóbicas. O policial teve o rosto quase destruído a
golpes de soco inglês, pontapés e
barra de ferro. No mesmo dia, outro
PM, que integrava a segurança do
governador José Serra, foi morto a
tiros em Itapecerica da Serra, na
Grande São Paulo.
Quem deveria estar pagando por
seus crimes continua numa boa na
prisão. Quem deveria impor a lei a
transgride gravemente. Quem deveria proteger é agredido ou morto.
Ou estamos todos plantando bananeira ou o Brasil está de cabeça para
baixo.
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