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Professor-propaganda
GRANDES grupos educacionais, caso das redes COC e
Dom Bosco, ampliam
ações de marketing e utilizam
professores como garotos-propaganda de produtos destinados
a jovens e crianças. Como mostrou reportagem desta Folha, já
houve iniciativas como a distribuição de chocolates, biscoitos e
outras guloseimas por docentes
em ações cuja marca do patrocinador é associada à da escola.
Embora a publicidade faça
parte do mundo da criança e do
jovem, há nessas iniciativas um
lamentável exagero. Preocupa,
ademais, que a distribuição de
produtos de alto teor calórico seja feita por aqueles a quem caberia alertar sobre o risco para a
saúde do consumo excessivo
desses alimentos.
A principal arma contra os
exageros na ofensiva publicitária, nesses casos, devem ser o
diálogo e a informação. É preciso
rejeitar o modismo de que leis
draconianas seriam indicadas
para resolver esse gênero de problema, pela proibição, pura e
simples, da propaganda voltada
ao público juvenil ou da venda de
certos alimentos a crianças.
Estão em jogo, afinal, dois valores pedagógicos. É necessário,
sem dúvida, informar objetivamente crianças e adolescentes
sobre os parâmetros de uma alimentação saudável -e formar
professores conscientes de que
nem toda propaganda é compatível com sua missão de ensinar.
Mas a formação de um indivíduo pressupõe, também, o reconhecimento, pela sociedade, de
uma esfera de liberdade de escolha que se amplia conforme a
pessoa se distancia da infância. A
interdição que se justifica para
crianças de sete anos pode ser
excessiva no caso de uma outra,
três anos mais velha.
A letra fria da lei não contempla todas as nuanças, que variam
de indivíduo para indivíduo. Lidar com o assunto é uma tarefa
intransferível de pais, professores e diretores. Precisam estar
atentos aos exageros na propaganda e na oferta de alimentos
em ambiente escolar e estabelecer, eles próprios, os limites que
julgarem adequados a cada caso.
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