São Paulo, sábado, 11 de julho de 2009

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Editoriais

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Professor-propaganda

GRANDES grupos educacionais, caso das redes COC e Dom Bosco, ampliam ações de marketing e utilizam professores como garotos-propaganda de produtos destinados a jovens e crianças. Como mostrou reportagem desta Folha, já houve iniciativas como a distribuição de chocolates, biscoitos e outras guloseimas por docentes em ações cuja marca do patrocinador é associada à da escola.
Embora a publicidade faça parte do mundo da criança e do jovem, há nessas iniciativas um lamentável exagero. Preocupa, ademais, que a distribuição de produtos de alto teor calórico seja feita por aqueles a quem caberia alertar sobre o risco para a saúde do consumo excessivo desses alimentos.
A principal arma contra os exageros na ofensiva publicitária, nesses casos, devem ser o diálogo e a informação. É preciso rejeitar o modismo de que leis draconianas seriam indicadas para resolver esse gênero de problema, pela proibição, pura e simples, da propaganda voltada ao público juvenil ou da venda de certos alimentos a crianças.
Estão em jogo, afinal, dois valores pedagógicos. É necessário, sem dúvida, informar objetivamente crianças e adolescentes sobre os parâmetros de uma alimentação saudável -e formar professores conscientes de que nem toda propaganda é compatível com sua missão de ensinar.
Mas a formação de um indivíduo pressupõe, também, o reconhecimento, pela sociedade, de uma esfera de liberdade de escolha que se amplia conforme a pessoa se distancia da infância. A interdição que se justifica para crianças de sete anos pode ser excessiva no caso de uma outra, três anos mais velha.
A letra fria da lei não contempla todas as nuanças, que variam de indivíduo para indivíduo. Lidar com o assunto é uma tarefa intransferível de pais, professores e diretores. Precisam estar atentos aos exageros na propaganda e na oferta de alimentos em ambiente escolar e estabelecer, eles próprios, os limites que julgarem adequados a cada caso.


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