São Paulo, sábado, 11 de julho de 2009

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CLÓVIS ROSSI

Os brotos (verdes) de cada um

ÁQUILA - Qual é a avaliação da crise que fazem os "grandes do mundo", como são chamados pela mídia italiana os líderes dos vários Gês que existem pelo planeta? Se se ouvir Luiz Inácio Lula da Silva, ele dirá, como disse ontem em entrevista coletiva, que "o pior já passou na maior parte dos países".
Não é uma avaliação própria, mas a impressão que lhe deram os discursos de seus pares. Palavra para Barack Obama: "Concordamos [os líderes todos] que uma completa recuperação ainda está longe e que seria prematuro começar a desfazer nossos planos de estímulo".
A propósito do discurso de Obama: Lula não esconde que ficou marcado pela afirmação do presidente norte-americano de que o consumo em seu país não voltará tão cedo aos níveis espetaculares da época pré-crise. Por isso, traduz Lula, "é preciso que os outros países maneirem".
Até porque o desemprego deve aumentar ainda mais, conforme mostram, por exemplo, os dados de ontem sobre o emprego na indústria brasileira. Ainda assim, Lula, sempre um incorrigível otimista, prefere olhar para a frente com esperança: "Todos [os líderes] estão convencidos de que em 2010 voltará a fase do crescimento".
Vamos agora a Robert Zoellick, o presidente do Banco Mundial e experimentadíssimo funcionário internacional. Diz que é mais cauteloso do que Lula ao imaginar que o pior já passou. Mas o foco de Zoellick não são nem os Estados Unidos, aliás seu país, nem os emergentes. Olha, como presidente do Banco Mundial, para os países mais pobres. Nestes, o pior talvez ainda nem tenha chegado.
"Então os tais brotos verdes não são tão verdes?", pergunto. "Não tão verdes quanto os do Brasil", responde. Resumo: cada um escolhe o broto que quiser.

crossi@uol.com.br


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