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CLÓVIS ROSSI
Os brotos (verdes) de cada um
ÁQUILA - Qual é a avaliação da crise que fazem os "grandes do mundo", como são chamados pela mídia
italiana os líderes dos vários Gês
que existem pelo planeta?
Se se ouvir Luiz Inácio Lula da
Silva, ele dirá, como disse ontem em
entrevista coletiva, que "o pior já
passou na maior parte dos países".
Não é uma avaliação própria, mas a
impressão que lhe deram os discursos de seus pares.
Palavra para Barack Obama:
"Concordamos [os líderes todos]
que uma completa recuperação
ainda está longe e que seria prematuro começar a desfazer nossos planos de estímulo".
A propósito do discurso de Obama: Lula não esconde que ficou
marcado pela afirmação do presidente norte-americano de que
o consumo em seu país não voltará
tão cedo aos níveis espetaculares
da época pré-crise. Por isso, traduz
Lula, "é preciso que os outros países
maneirem".
Até porque o desemprego deve
aumentar ainda mais, conforme
mostram, por exemplo, os dados
de ontem sobre o emprego na indústria brasileira.
Ainda assim, Lula, sempre um incorrigível otimista, prefere olhar
para a frente com esperança: "Todos [os líderes] estão convencidos
de que em 2010 voltará a fase do
crescimento".
Vamos agora a Robert Zoellick, o
presidente do Banco Mundial e experimentadíssimo funcionário internacional. Diz que é mais cauteloso do que Lula ao imaginar que o
pior já passou.
Mas o foco de Zoellick não são
nem os Estados Unidos, aliás seu
país, nem os emergentes.
Olha, como presidente do Banco
Mundial, para os países mais pobres. Nestes, o pior talvez ainda
nem tenha chegado.
"Então os tais brotos verdes não
são tão verdes?", pergunto. "Não
tão verdes quanto os do Brasil", responde. Resumo: cada um escolhe o
broto que quiser.
crossi@uol.com.br
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