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CLÓVIS ROSSI
A boa vida em Liliput
HELSINQUE - Para quem vive em
São Paulo, com seu crescente gigantismo, para quem se habituou a coberturas de pomposas viagens presidenciais (fiz a primeira há 31 anos,
ainda no governo do general Ernesto Geisel), chega a ser um piquenique no bosque acompanhar a visita
de Lula à Finlândia.
Tudo é liliputiano, no bom sentido da palavra, o de "small is beautiful". A cidade é pequena, o número
de envolvidos nas cerimônias é pequeno, até o público externo é microscópico. Quando Lula se apresentou no palácio presidencial de
Helsinque, em frente ao porto, havia só seis pessoas atrás da bandeira
verde-e-amarela.
A diáspora brasileira tem feito
com que, em viagens presidenciais
a terras menos distantes, o público
seja bem maior, assim como o número de bandeiras.
O palácio presidencial é modestíssimo, a casa do primeiro-ministro é de madeira. Bonita e agradabilíssima, à beira de um braço do Báltico, mas nada, rigorosamente nada
que lembre o Eliseu ou sequer a Casa Rosada, em Buenos Aires, ou Miraflores, em Caracas.
O primeiro-ministro brinca com
os jornalistas (locais) com o que parece ser a única grande notícia do
dia: está inaugurando óculos novos.
O edifício do Parlamento parece
uma choupana se comparadas suas
dimensões às do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
O que é quase inacreditável, considerada a distância, é a paixão pelo
Brasil. Vinte mil turistas finlandeses visitam, anualmente, as praias
do Nordeste. No Carnaval, seis escolas de samba desfilam pela cidade. "Ouvir ritmo de samba cantado
em finlandês é de enlouquecer", diz
Sérgio Pereira, oficial de chancelaria com quatro anos de experiência
em Helsinque, prestes a voltar ao
Brasil.
Ah, o Carnaval é no dia 12 de junho, aniversário da cidade, porque
desfilar em fevereiro, no inverno
polar, não há paixão que consiga.
crossi@uol.com.br
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