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Monotrilho no Morumbi
Não resta dúvida de que uma
expressiva fração da população
de São Paulo se beneficiaria do
projeto da linha 17-ouro do metrô,
que pretende ligar o eixo norte-sul
do sistema de trens metropolitanos ao bairro do Morumbi.
O novo trajeto cumpriria a tarefa de oferecer opções de locomoção aos usuários do aeroporto de
Congonhas e aos moradores do
bairro popular de Paraisópolis,
hoje carentes de transporte.
Uma parcela dos moradores do
Morumbi, no entanto, manifestou
na última semana oposição ao
projeto. A obra prevê desapropriações de lojas, imóveis de alto padrão e empreendimentos imobiliários ainda não construídos.
O primeiro ponto a considerar
diz respeito à necessidade de o Estado, a prosseguir com o projeto,
garantir o ressarcimento adequado a quem for afetado pela intervenção. Mas esta não é a principal
preocupação quanto ao plano. As
críticas voltam-se, em especial,
contra o tipo de transporte proposto -o monotrilho.
Veículos leves devem trafegar
sobre uma estrutura elevada 15
metros acima das ruas e avenidas
da região. Colunas de sustentação
se espalharão em intervalos de 30
metros ao longo dos cerca de 20
km de extensão da nova linha.
O governo ressalta que o monotrilho é mais barato e pode ser
construído com mais rapidez do
que o trem subterrâneo. Moradores temem, todavia, que as pesadas estruturas dos pilares e da via
suspensa, bem como o tráfego dos
vagões, possa ocasionar "degradação visual, sonora, ausência de
privacidade, desvalorização imobiliária e aumento da criminalidade" -como argumenta uma entidade do bairro em representação
ao Ministério Público.
As apreensões dos moradores
quanto a uma espécie de novo Minhocão que se ergueria no local
podem ser exageradas. Argumenta-se em contrário que se o entorno das vias for bem conservado e
integrado ao bairro, os danos temidos seriam evitados.
É preciso no entanto que o governo abra-se ao diálogo e demonstre que um processo de degradação não está em curso. Ou
então que adote outras soluções.
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