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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Fantasmas eleitorais
SÃO PAULO - Em 2006, a primeira
pesquisa Datafolha realizada no segundo turno mostrava Lula com oito pontos de vantagem sobre Geraldo Alckmin -54% a 46% dos votos
válidos. O resultado é idêntico ao
da pesquisa publicada ontem.
Na eleição anterior, a dianteira
de Lula subiu para 12 pontos na segunda pesquisa, feita após o primeiro debate na TV. Em meados de
outubro, o Datafolha já mostrava
Lula com 20 pontos de vantagem
-60% a 40%. O resultado final é
conhecido: Lula se reelegeu com
60,8%, contra 39,2% de Alckmin.
Agora tudo pode acontecer. Favorita, Dilma Rousseff pode, inclusive, repetir o feito de seu tutor,
aplicando lavada semelhante em
José Serra. Haveria explicações para tal desfecho: a situação econômica, a aprovação recorde a Lula etc.
Hoje, no entanto, nem petistas
arriscam esse palpite. O ambiente é
distinto do vivido em 2006, embora, paradoxalmente, o governo tenha até mais o que propagandear.
Existe no ar uma apreensão com
a performance de Dilma -como se
comportará mais exposta, como suportará a pressão? Há dúvidas no
petismo de como preservá-la e de
como exibi-la, o que acaba por escancarar que Dilma não é, nunca
foi, dona da sua candidatura, e a rigor nem dona de si mesma. Nos últimos dias, ela deu a impressão de
que esteve próxima de desmoronar.
Do lado oposto, Serra é o personalismo encarnado. Age não apenas como se fosse dono de si, da sua
campanha e dos seus aliados, mas
do próprio cargo que está em disputa. É como se dissesse: "ela não pode, agora é a minha vez!".
No campo programático, sem
discurso sólido, o tucano mais parece um camaleão, ou um artista de
circo: faz girar com a mão direita os
pratos do conservadorismo, ao
mesmo tempo em que dá cambalhotas populistas no palco, prometendo 13º para o Bolsa Família, salário mínimo de R$ 600 etc.
Eis uma disputa ímpar: uma candidatura quase sem candidata e um
candidato quase sem candidatura.
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