São Paulo, terça, 11 de novembro de 1997.



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O FATOR EXTERNO

Se é cedo demais para avaliar os efeitos internos do pacote, na área externa, então, as dificuldades para enxergar à frente são ainda maiores, porque o país depende de acontecimentos sobre os quais não tem como exercer controle.
É bom lembrar que, embora a economia brasileira já estivesse vulnerável pela existência dos déficits fiscal e externo, a crise só se instalou de fato a partir da sua eclosão na Ásia.
Isso significa dizer que, se a tempestade externa prosseguir ou se agravar, o que não é nada improvável, o governo brasileiro se verá obrigado a adotar novas providências para defender a sua moeda.
Torna-se, por isso, essencial começar desde já a discutir como enfrentar o problema da dependência externa de capitais. O país deles precisa para manter baixa a inflação, para financiar investimentos e cobrir o déficit na balança comercial.
É evidente que a alta dos juros, principalmente, mas também o pacote fiscal de ontem, podem ajudar a atenuar o problema externo. No entanto, deve fazê-lo de forma perversa, ao provocar a desaceleração da economia. Com ela, diminui a demanda por produtos importados e sobe o excedente disponível para exportar. Cai, portanto, o déficit comercial.
Seria de todo conveniente, para o próprio governo, mas acima de tudo para a sociedade, ter alternativas à mão, devidamente estudadas.
Uma delas -a elevação das tarifas de importação- chegou a ser mencionada nos dias prévios ao pacote de ontem. Não é, evidentemente, a solução, mas pode fornecer um alívio temporário, um tempo para respirar, até que melhorem as condições para conseguir um crescimento de fato sustentável, a única e definitiva solução para a crise. Que, infelizmente, não surge da noite para o dia.




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