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O FATOR EXTERNO
Se é cedo demais para avaliar os
efeitos internos do pacote, na área
externa, então, as dificuldades para
enxergar à frente são ainda maiores,
porque o país depende de acontecimentos sobre os quais não tem como
exercer controle.
É bom lembrar que, embora a economia brasileira já estivesse vulnerável pela existência dos déficits fiscal e
externo, a crise só se instalou de fato
a partir da sua eclosão na Ásia.
Isso significa dizer que, se a tempestade externa prosseguir ou se
agravar, o que não é nada improvável, o governo brasileiro se verá obrigado a adotar novas providências para defender a sua moeda.
Torna-se, por isso, essencial começar desde já a discutir como enfrentar
o problema da dependência externa
de capitais. O país deles precisa para
manter baixa a inflação, para financiar investimentos e cobrir o déficit
na balança comercial.
É evidente que a alta dos juros, principalmente, mas também o pacote
fiscal de ontem, podem ajudar a atenuar o problema externo. No entanto, deve fazê-lo de forma perversa, ao
provocar a desaceleração da economia. Com ela, diminui a demanda
por produtos importados e sobe o excedente disponível para exportar.
Cai, portanto, o déficit comercial.
Seria de todo conveniente, para o
próprio governo, mas acima de tudo
para a sociedade, ter alternativas à
mão, devidamente estudadas.
Uma delas -a elevação das tarifas
de importação- chegou a ser mencionada nos dias prévios ao pacote de
ontem. Não é, evidentemente, a solução, mas pode fornecer um alívio
temporário, um tempo para respirar,
até que melhorem as condições para
conseguir um crescimento de fato
sustentável, a única e definitiva solução para a crise. Que, infelizmente,
não surge da noite para o dia.
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