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Anistia de urgência
O GOVERNO de São Paulo
tem proposto medidas
pouco ortodoxas para cobrir um déficit de R$ 1,2 bilhão. A
primeira foi a tentativa de leiloar
20% das ações da Nossa Caixa à
iniciativa privada. Pressionado,
diante de sinais de que a operação redundaria em prejuízo para
o erário, o governo recuou.
Mas uma outra idéia preocupante prosperou. O governo concedeu anistia a empresas em dívida com o Estado. Permitiu desconto de até 90% em multas e de
até 50% nos juros para quitação
de débitos de ICMS. Desta vez,
atingiu os objetivos. O benefício
gerou uma arrecadação extra de
R$ 1 bilhão.
É importante sanear as contas
estaduais. O problema está no
método. Conceder facilidades a
empresas com pendências fiscais é medida excepcional, que
deve ser usada com parcimônia.
Toda anistia castiga quem se esforçou para cumprir regularmente suas obrigações e premia
o sonegador. A necessidade de
encontrar um jeito de fechar as
contas no final de um ciclo administrativo, ademais, não costuma
servir de boa fonte inspiradora a
um programa de anistia.
Além de ser pouco pedagógica,
a atitude de perdoar multas e juros de quem sonega ganha contornos ainda mais preocupantes
nesse caso. Algumas empresas
flagradas há pouco por fiscais em
fraudes milionárias envolvendo
operações fictícias de exportações se valeram da anistia para
regularizar sua situação.
Que o estratagema não faça escola. Anistias não devem tornar-se rotina, pois desmoralizam a
autoridade tributária. Anistias
ao fim de gestões com dificuldades de caixa, muito menos.
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