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NOTÍCIAS DE CARACAS
Simpatizantes do presidente
da Venezuela, Hugo Chávez,
promoveram esta semana um cerco
ao jornal "El Nacional", um dos
principais do país. Na segunda-feira,
uma manifestação, da qual participaram cerca de cem pessoas, impediu que os jornalistas deixassem a sede do diário, no centro de Caracas.
Enquanto a direção do jornal acusa
o presidente de ter orquestrado a
ação, numa tentativa de intimidar os
críticos do governo, Chávez nega responsabilidade pelo protesto.
Não há elementos disponíveis para
avaliar de forma independente a espontaneidade da iniciativa. É e se notar, no entanto, que a interpretação
do órgão de imprensa faz sentido à
luz do agressivo discurso do presidente contra a mídia local.
Em dezembro, no auge do locaute
para protestar contra um pacote de
medidas, Chávez anunciou que preparava uma lei para impor "a ética"
aos meios de comunicação.
É notória a oposição sistemática
que a imprensa venezuelana faz ao
presidente. Tem sido assim desde
que Chávez tomou posse, em 1999,
eleito com a promessa de desencadear uma "revolução bolivariana".
Exemplo recente é o editorial "O ditador sem máscara", do próprio
"Nacional", publicado esta semana.
Após o golpe fracassado em 1992,
Chávez chegou ao poder pela urna.
Embora não possa ser, tecnicamente, descrito como um ditador, tampouco lhe seria adequada a definição
de entusiasta da democracia. Ainda
amparado por popularidade, seu governo afronta as instituições.
Ao ameaçar a imprensa -seja incitando correligionários, seja propondo censura-, Chávez atinge mais
uma estrutura da estabilidade constitucional. Já algo arriada, em algum
momento ela pode vir ao chão, com
prejuízo para toda a América Latina.
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