|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VINICIUS TORRES FREIRE
Nada
SÃO PAULO - O que é uma "reforma ministerial"? O governo terá mais deputado no cabresto para votar seus
projetos, pois vai dar uns cargos ao
PMDB, o que era sabido havia meses.
O que mais é essa politiquice? Nada.
Eunício, Garibaldi, Graziano, Olívio, Benedita, tanto faz. A burocracia
federal continuará sujeita à burrice,
à desorganização, ao desmantelamento recorrente para que se arrume
lugar para gentes horrendas na Esplanada dos Ministérios.
Esse negócio de "reforma ministerial" parece distribuição de título de
nobreza do Império. O sujeito fazia
favor, bajulava os Bragança, ganhava um pedaço qualquer da administração da senzala imperial para seus
agregados e virava barão ou marquês de Pedro 2º, o Soneca, um dos
piores cretinos da história deste país
cheio de cretinos históricos.
Um dos poucos postos de onde se
manda de verdade, o Banco Central,
também entrou na peteca política. O
BC deve ter autonomia? Quando?
Dirceu belisca Palocci? Vai ter turumbamba no "núcleo duro"?
Mas, enfim, o que vai ser a autonomia do BC? Autonomia para quê? Fixar juros, só? Vai decidir o tamanho
das reservas em moeda forte? Terá
autonomia para fiscalizar bancos? A
diretoria desse BC autônomo só vai
ter gente do mercado financeiro, de
São Paulo e do Rio? Não vai ter gente
da indústria, do comércio, da agricultura, de outras regiões? Por que
não? O BC dos Estados Unidos é mais
ou menos assim. Como o BC autônomo vai prestar contas? Como será punido se levar o país à ruína?
A gente não sabe nada disso. Sabe
de nadas de neres, do Renan, do Eunicio, do Garibaldi, do Graziano do
falido Fome Zero, amigo do presidente, que é um homem bom, cordial e
sentimental com os amigos, que chora em visita a senzalas, que trata os
pobres como filhos, tanto que não demitiu a Benedita, deslumbrada com
viagem, Lula que levou gente simples
como o companheiro João Paulo Cunha para presidir a Câmara, terceiro
posto da República, Cunha que furta
informações do público e negocia favor na capitania dos deputados.
A gente se ocupa de nada.
Texto Anterior: Editorial: A GRANDE FARSA Próximo Texto: Brasília - Gustavo Patú: Política e políticas Índice
|