São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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VINICIUS TORRES FREIRE

Nada

SÃO PAULO - O que é uma "reforma ministerial"? O governo terá mais deputado no cabresto para votar seus projetos, pois vai dar uns cargos ao PMDB, o que era sabido havia meses. O que mais é essa politiquice? Nada.
Eunício, Garibaldi, Graziano, Olívio, Benedita, tanto faz. A burocracia federal continuará sujeita à burrice, à desorganização, ao desmantelamento recorrente para que se arrume lugar para gentes horrendas na Esplanada dos Ministérios.
Esse negócio de "reforma ministerial" parece distribuição de título de nobreza do Império. O sujeito fazia favor, bajulava os Bragança, ganhava um pedaço qualquer da administração da senzala imperial para seus agregados e virava barão ou marquês de Pedro 2º, o Soneca, um dos piores cretinos da história deste país cheio de cretinos históricos.
Um dos poucos postos de onde se manda de verdade, o Banco Central, também entrou na peteca política. O BC deve ter autonomia? Quando? Dirceu belisca Palocci? Vai ter turumbamba no "núcleo duro"?
Mas, enfim, o que vai ser a autonomia do BC? Autonomia para quê? Fixar juros, só? Vai decidir o tamanho das reservas em moeda forte? Terá autonomia para fiscalizar bancos? A diretoria desse BC autônomo só vai ter gente do mercado financeiro, de São Paulo e do Rio? Não vai ter gente da indústria, do comércio, da agricultura, de outras regiões? Por que não? O BC dos Estados Unidos é mais ou menos assim. Como o BC autônomo vai prestar contas? Como será punido se levar o país à ruína?
A gente não sabe nada disso. Sabe de nadas de neres, do Renan, do Eunicio, do Garibaldi, do Graziano do falido Fome Zero, amigo do presidente, que é um homem bom, cordial e sentimental com os amigos, que chora em visita a senzalas, que trata os pobres como filhos, tanto que não demitiu a Benedita, deslumbrada com viagem, Lula que levou gente simples como o companheiro João Paulo Cunha para presidir a Câmara, terceiro posto da República, Cunha que furta informações do público e negocia favor na capitania dos deputados.
A gente se ocupa de nada.



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