São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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CHINA E AMÉRICA LATINA

É significativo que uma das primeiras visitas internacionais do presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, tenha sido à China, onde foi recebido com pompa pelo dirigente Hu Jintao. O encontro reflete os interesses dos dois lados e ressalta a crescente influência da China na América Latina, região tradicionalmente colocada no radar americano por razões históricas e geográficas.
Para a China, a aproximação com a América Latina é vital a fim de ampliar suas fontes de energia, matérias-primas e alimentos. Desde o início da década, o país asiático elevou de forma significativa as importações da região e, hoje, está entre os principais parceiros comerciais de várias nações, incluindo o Brasil.
As vendas latino-americanas para a China saltaram de US$ 1,5 bilhão, em 1990, para US$ 21,6 bilhões, em 2004, segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
Segundo maior consumidor de petróleo do mundo, a China busca parceiros para evitar riscos energéticos que ameacem o crescimento de sua economia. Nesse sentido, a Bolívia é uma opção natural, com suas grandes reservas de gás. Da mesma forma a Venezuela, que firmou com os chineses contratos de exploração de petróleo e gás. Também o Equador, onde a China comprou por US$ 1,4 bilhão a empresa de petróleo EnCana, entrou no foco da estratégia de Pequim de assegurar energia futura.
Todos esses movimentos têm despertado preocupação em parcela da elite política e militar norte-americana, que vê na expansão da China uma ameaça a seus interesses estratégicos. Mas, para a América Latina, a entrada em cena de um ator que contrabalance a influência americana pode ser um fato positivo. Tudo depende de os países latino-americanos administrarem com pragmatismo e discernimento o "fator chinês".


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