São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006 |
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De quem é a amnésia?
ALBERTO GOLDMAN
Fontana se regozija por não precisar renovar o acordo com o FMI. E para que seria necessário? A balança comercial é superavitária em face das ações iniciadas na gestão FHC e do quadro de crescimento da economia mundial. Além disso, o Ministério da Fazenda do governo Lula faz, até com mais rigor, o papel do Fundo Monetário Internacional. O líder do PT nos acusa de praticar o "denuncismo endêmico". Que cinismo! Ainda hoje o praticam, como sempre fizeram, contra nós. Não eram eles os arautos da ética na política? Por acaso, Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto, José Borba, Delúbio Soares, Marcos Valério, Duda Mendonça e outros réus confessos são da oposição? Em algum momento da história a direção partidária do PSDB se envolveu na organização de uma estrutura estatal de corrupção como a comandada pela direção nacional do PT? O líder alardeia punições de corruptos por meio do que seria um trabalho independente da CGU, da Polícia Federal e do Ministério Público -e pasmem- "com apoio do presidente da República e do PT". Ora, só depois das denúncias descobriram que existem ou existiram tantos corruptos assim na estrutura pública. E se as CPIs, que o governo e os "mensaleiros" tentaram evitar, não tivessem se constituído? Ainda assim, Ministério Público não é órgão do Executivo e, até agora, não percebemos nenhum empenho do governo em rastrear e descobrir a origem do dinheiro recebido por Duda Mendonça no exterior. Pergunta o líder Fontana: "Qual a avaliação da oposição dos seus oito anos de governo?". A melhor resposta é o próprio governo Lula. Ao contrário do que apregoou durante a campanha, repetiu a agenda anterior, mas foi incapaz de avançar para responder às demandas de uma nova conjuntura. Manteve a austeridade fiscal, câmbio flutuante, metas de inflação, incentivo às exportações, porém perdeu a oportunidade de promover um crescimento econômico bem mais expressivo, o aumento nos investimentos produtivos e nos níveis de emprego ao manter por três anos os maiores juros reais do mundo e uma carga tributária em permanente crescimento. Esbanjam mediocridade em áreas como educação e saúde, nas quais a desarticulação e a falta de criatividade os fazem retroceder os importantes passos do governo FHC. Mas o líder do PT segue a linha de seu mestre, o presidente Lula: "Antes de mim, era o dilúvio". No Brasil, redescoberto por Lula, bastaria vontade política. Esqueceram? Alberto Goldman, 67, deputado federal, é líder do PSDB na Câmara dos Deputados e primeiro vice-presidente nacional do partido. Foi secretário de Estado da Administração (87-90) e ministro dos Transportes (92-94). @ - comente@albertogoldman.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES José do Nascimento Junior: Operibus credit et non verbis * Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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