São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

PT e PSDB no mesmo time

BRASÍLIA - Engraçados, esses tucanos. Combinaram assistir de camarote toda a encrenca e a agonia do governo Lula em torno do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, como se possível fosse. Não é, não, senhores. Os tucanos não estão e não podem estar no camarote, nem na arquibancada, confortáveis, à distância. Eles estão em campo desde muito tempo nessa área, pelejando junto com os petistas. Antes, no governos FHC; agora, nos governos Lula.
Mais partidários da causa dos Direitos Humanos do que propriamente do PSDB ou do PT, ex e atuais ministros dessa área concordam: o plano é como corrida de revezamento, indo de uma mão para outra, do plano um para o plano dois, até chegar no plano três, filho do casamento tucanos-petistas.
"Com toda essa polarização entre os governos Lula e FHC, se há uma área em que há absoluta continuidade é justamente essa, a dos Direitos Humanos. São 16 anos de continuidade, desde FHC, sem partidarismos", me disse Paulo Vannuchi, o homem dos Direitos Humanos de Lula, principal responsável pelo terceiro plano e coberto de razão.
O plano é a "Geni" do momento, apanhando de militares, ruralistas, Igreja Católica e entidades de comunicação, uns com mais e outros com menos razão, mas todos no legítimo direito de se esgoelar.
Suscetível a pressões, especialmente em ano de eleição, Lula promove a revisão do decreto pensando no melhor equilíbrio para não perder a esquerda que lidera os Direitos Humanos nem o poderoso eleitorado militar (que ficou à míngua nos anos tucanos e detesta FHC); os movimentos de mulheres nem a velha aliada Igreja Católica; agricultores nem o agronegócio.
Mas, depois do decreto, vêm os projetos-de-lei. Que vão cair onde?
No Congresso, onde, dê Serra, dê Dilma, uma aposta é certa: PT e PSDB serão os maiores defensores do plano e de seus desdobramentos.
Sem camarotes.

elianec@uol.com.br


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