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Aberta e vulnerável
A WIKIPÉDIA é hoje uma ferramenta tão familiar ao
internauta quanto o sistema de busca Google e a página de
vídeos YouTube. A diferença está no fato de essa enciclopédia
aberta não visar lucro e representar um usual exemplo de livre
interação na internet -o que a
torna também vulnerável.
Em seus primórdios, a Wikipédia permitia que todos os seus
verbetes fossem editados por
qualquer pessoa. Logo surgiram
os problemas, que iam do vandalismo ideológico à desigualdade e
hiperespecialização de algumas
das entradas.
O golpe mais recente na confiabilidade da enciclopédia foi o
caso Ryan Jordan. Esse estudante americano de 24 anos era um
dos mais prolíficos editores voluntários da Wikipédia, com
mais de 20 mil intervenções em
verbetes, em geral para desfazer
ações de vândalos.
Jordan atuava sob pseudônimo ("Essjay"), como é usual no
universo "wiki". Ocorre que,
além do apelido, ele inventou
também uma personalidade fictícia: doutor em teologia, professor de uma universidade privada,
e por aí. Foi desmascarado pela
revista "The New Yorker".
Foi um duro golpe. Vale notar
que a credibilidade, que já sofrera reveses, havia sido em parte
reabilitada pelo prestigioso periódico científico britânico "Nature", que testou 42 verbetes sobre ciência e os comparou com
seus equivalentes na enciclopédia "Britannica". Somente oito
erros graves foram detectados,
quatro em cada uma. Empate.
O caso Jordan está longe de
aniquilar a experiência da Wikipédia, iniciativa que já conta com
1,7 milhão de verbetes. Serve, porém, para revalidar um velho
princípio intelectual: nenhuma
fonte de informações está isenta
de erro. Com a generalização do
uso da internet no ensino, nunca
foi tão atual a regra que manda
desconfiar de todas elas.
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