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Alimentos em alta
A DESPEITO da desaceleração econômica nas nações
ricas, as cotações das commodities agrícolas, minerais e
energéticas persistem em ascensão. Segundo o FMI, os preços
dos alimentos subiram 48% do
final de 2006 ao início de 2008.
Os fatores que levam a essa alta
global dos produtos agrícolas se
relacionam a demanda, oferta e
estoques reguladores.
O acentuado crescimento da
economia mundial entre 2003 e
2007 estimulou a procura por
alimentos. Houve problemas de
oferta -quebras de safras- em
decorrência do clima. Os elevados subsídios da Europa e dos
EUA inibiram investimentos em
novas plantações ou em tecnologia para tornar as terras aráveis,
especialmente nos países em desenvolvimento.
Com a desregulamentação dos
mercados financeiros, houve
uma redução nos estoques públicos voltados a mitigar desequilíbrios entre a oferta e a demanda.
Acreditava-se que os complexos
mecanismos de mercado dessem
conta de equilibrar oferta e demanda ao longo do tempo. Produziram, no entanto, oscilações
bruscas e especulativas nos preços. Os estoques globais de comida estão no menor patamar desde meados da década de 1980.
A crise financeira americana,
que resultou em desvalorização
do dólar, impulsionou os fluxos
de capitais para as bolsas de mercadorias e futuros de produtos
agrícolas, elevando os seus preços. Finalmente, por segurança
alimentar, alguns países decidiram reduzir suas exportações de
alimentos.
O enfrentamento dessas questões depende de maiores investimentos na oferta de alimentos e
nos estoques reguladores. A crer
nas previsões da Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a
produção mundial de cereais deverá atingir patamar recorde
-cerca de 2,2 bilhões de toneladas- em 2008-2009, dependendo, é claro, de condições meteorológicas favoráveis.
A disponibilidade de estoques
é crucial para conter a instabilidade de preços em um mercado
tão importante para as condições de vida das populações e cada vez mais sujeito aos efeitos de
abruptas mudanças climáticas.
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