São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alimentos em alta

A DESPEITO da desaceleração econômica nas nações ricas, as cotações das commodities agrícolas, minerais e energéticas persistem em ascensão. Segundo o FMI, os preços dos alimentos subiram 48% do final de 2006 ao início de 2008. Os fatores que levam a essa alta global dos produtos agrícolas se relacionam a demanda, oferta e estoques reguladores.
O acentuado crescimento da economia mundial entre 2003 e 2007 estimulou a procura por alimentos. Houve problemas de oferta -quebras de safras- em decorrência do clima. Os elevados subsídios da Europa e dos EUA inibiram investimentos em novas plantações ou em tecnologia para tornar as terras aráveis, especialmente nos países em desenvolvimento.
Com a desregulamentação dos mercados financeiros, houve uma redução nos estoques públicos voltados a mitigar desequilíbrios entre a oferta e a demanda. Acreditava-se que os complexos mecanismos de mercado dessem conta de equilibrar oferta e demanda ao longo do tempo. Produziram, no entanto, oscilações bruscas e especulativas nos preços. Os estoques globais de comida estão no menor patamar desde meados da década de 1980.
A crise financeira americana, que resultou em desvalorização do dólar, impulsionou os fluxos de capitais para as bolsas de mercadorias e futuros de produtos agrícolas, elevando os seus preços. Finalmente, por segurança alimentar, alguns países decidiram reduzir suas exportações de alimentos.
O enfrentamento dessas questões depende de maiores investimentos na oferta de alimentos e nos estoques reguladores. A crer nas previsões da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção mundial de cereais deverá atingir patamar recorde -cerca de 2,2 bilhões de toneladas- em 2008-2009, dependendo, é claro, de condições meteorológicas favoráveis.
A disponibilidade de estoques é crucial para conter a instabilidade de preços em um mercado tão importante para as condições de vida das populações e cada vez mais sujeito aos efeitos de abruptas mudanças climáticas.


Texto Anterior: Editoriais: O caso Isabella
Próximo Texto: Haia - Clovis Rossi: Fim de papo?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.