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FERNANDO RODRIGUES
A estratégia de Serra
BRASÍLIA - O discurso de José
Serra no sábado revelou sem eufemismos a estratégia do candidato
do PSDB a presidente. Três pontos
são os mais salientes:
1) biografias - Serra deseja ser
comparado à sua adversária direta,
Dilma Rousseff (PT). Nesse embate, o tucano acredita levar vantagem. Na sua cabeça, a experiência
como deputado, senador, ministro,
prefeito e governador terá impacto
forte sobre o eleitorado;
2) continuidade de Lula - nunca
numa eleição brasileira pós-ditadura um presidente entrou no processo com avaliação positiva perto de
80%. O tucano conhece essa realidade. Decidiu enfrentá-la não se indispondo com o eleitorado de Lula.
Elogia o que é bem avaliado e planta
uma dúvida na cabeça dos eleitores:
quem é o melhor para continuar e
ampliar essa obra? A expectativa é
fazer o eleitor médio concluir que
Serra é o nome apropriado. Daí o
tão martelado slogan serrista "o
Brasil pode mais";
3) país unido - quando falou que
"o Brasil não tem dono", no sábado,
Serra fez um apelo à unidade nacional. É uma tese polêmica. Eleições
em democracias representativas
tendem a fracionar e não a unificar.
Barack Obama, Lula, FHC e outros
sempre só tiveram pouco mais de
50% dos votos quando eleitos.
A seis meses da eleição, é difícil
fazer um juízo e afirmar se serão
eficazes os três eixos principais da
campanha serrista. Até porque a
trajetória de Serra não estará sozinha no tempo e no espaço. Os outros candidatos reagirão. Sobretudo Dilma e o PT. É um truísmo, mas
vale repetir: os políticos estão sob
forte tensão. Podem acertar e errar.
O tamanho dos acertos e dos erros
determinará a maior ou menor conexão com o eleitorado.
Num ambiente hostil para a oposição, Serra tem feito o possível como candidato anti-PT. Apesar dos
titubeios nos meses recentes, o tucano errou pouco até agora. Mas a
disputa está apenas no começo.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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