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RISCO EMERGENTE
A média do risco-país calculado
pelo banco JP Morgan, que representa a diferença entre as taxas de
juros pagas pelos países emergentes
e as oferecidas pelos títulos do Tesouro norte-americano, subiu de 330
pontos, em 8 de março de 2005, para
400 pontos no início de maio. Essa
elevação, juntamente com as expectativas de desaceleração da economia
mundial e o acirramento da concorrência, que deterioram os balanços
de grandes corporações globais, pode sinalizar uma mudança nas condições de liquidez dos mercados financeiros internacionais.
O aumento na aversão ao risco tenderia a reduzir o fluxo de capitais para os países emergentes, como sugeriram os presidentes de Bancos Centrais em reunião na Basiléia (Suíça).
Segundo o Banco para a Compensação Internacional (BIS), o fluxo de
empréstimos bancários para os países em desenvolvimento foi de US$
92 bilhões nos três primeiros trimestres de 2004. Já o de títulos de dívida
(bônus, notas, "commercial papers") somou US$ 82 bilhões, durante o ano de 2004, sob a liderança
dos países asiáticos. Com o aumento
da aversão ao risco, provavelmente,
esse volume de recursos diminuirá.
Porém, não se deve esquecer que,
paralelamente, as economias emergentes reduziram a dependência aos
humores dos investidores internacionais para financiar seus estoques
de dívida. De acordo com o Fundo
Monetário Internacional, o superávit
em conta corrente dos países em desenvolvimento somou US$ 336 bilhões em 2004. Para 2005, projeta-se
um saldo positivo de US$ 395 bilhões. As reservas em moeda forte
desses países alcançaram US$ 1,9 trilhão em dezembro de 2003, último
dado consolidado pelo BIS.
Essa estratégia de acumulação de
superávits em conta corrente e de
manutenção de elevadas reservas internacionais resulta num montante
de recursos que pode amortecer os
processos de reversão de expectativas. Há, no entanto, o risco de perdas
associadas às variações das taxas de
juros e de câmbio. Em torno de 70%
das reservas internacionais desses
países são em dólar.
Mesmo no caso brasileiro, houve
uma melhora significativa nas contas externas. Todavia, o país ainda
tem um elevado estoque de amortizações, estimado em US$ 46,2 bilhões em 2005 e US$ 32,4 bilhões em
2006. Se não parece haver crise iminente, é razoável supor que em algum momento os ventos vão mudar
de direção, não havendo espaço para
"velhos erros" -como tem dito o
próprio ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O Brasil precisa preservar as condições para seguir produzindo saldos comerciais expressivos
e trabalhar para que a taxa de juros
não prossiga, em sua extravagância,
a dificultar a expansão da oferta e os
resultados da política fiscal.
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