|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Habilitação médica
NA VIGOROSA entrevista que
concedeu à Folha, o médico e pesquisador Ricardo Brentani, um dos mais renomados oncologistas do país, defendeu o fechamento imediato
das escolas médicas que forem
mal avaliadas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Seu argumento
é o de que o Brasil já conta com
um número suficiente de médicos. Não faz sentido, portanto,
manter em funcionamento 170
cursos, muitos dos quais sem
condições mínimas de ensino.
De fato, o fechamento das escolas com reiterado mau desempenho em exames nacionais seria uma medida saneadora, mas
ainda assim insuficiente para a
defesa da saúde pública.
É urgente criar um exame de
habilitação obrigatório para médicos nos moldes daquele que
existe para advogados, com provas teóricas e práticas. Embora
profissionais com deficiências
de formação dificilmente consigam passar em concursos ou
conquistar bons empregos na rede privada, eles amiúde são contratados em caráter emergencial
por hospitais e pronto-socorros
públicos, nos quais a carência de
mão-de-obra é uma constante.
No interior e nas periferias das
metrópoles, muitas vezes são os
médicos menos preparados que
ministram o primeiro atendimento, o que pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Um
meio prático de combater essa
distorção seria introduzir o exame, que impediria bacharéis sem
condições mínimas para clinicar
de exercer a medicina.
Infelizmente são fortes as resistências à obrigatoriedade do
exame -que, de resto, é adotado
em vários países, como os EUA e
o Canadá. Elas vêm principalmente de proprietários de escolas, mas também de setores do
Conselho Federal de Medicina.
São essas resistências que, em
nome do bem comum e da saúde
pública, precisam ser vencidas.
Texto Anterior: Editoriais: Agroestratégias Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: No país do Taradão Índice
|