São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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Editoriais

Habilitação médica

NA VIGOROSA entrevista que concedeu à Folha, o médico e pesquisador Ricardo Brentani, um dos mais renomados oncologistas do país, defendeu o fechamento imediato das escolas médicas que forem mal avaliadas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Seu argumento é o de que o Brasil já conta com um número suficiente de médicos. Não faz sentido, portanto, manter em funcionamento 170 cursos, muitos dos quais sem condições mínimas de ensino.
De fato, o fechamento das escolas com reiterado mau desempenho em exames nacionais seria uma medida saneadora, mas ainda assim insuficiente para a defesa da saúde pública.
É urgente criar um exame de habilitação obrigatório para médicos nos moldes daquele que existe para advogados, com provas teóricas e práticas. Embora profissionais com deficiências de formação dificilmente consigam passar em concursos ou conquistar bons empregos na rede privada, eles amiúde são contratados em caráter emergencial por hospitais e pronto-socorros públicos, nos quais a carência de mão-de-obra é uma constante.
No interior e nas periferias das metrópoles, muitas vezes são os médicos menos preparados que ministram o primeiro atendimento, o que pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Um meio prático de combater essa distorção seria introduzir o exame, que impediria bacharéis sem condições mínimas para clinicar de exercer a medicina.
Infelizmente são fortes as resistências à obrigatoriedade do exame -que, de resto, é adotado em vários países, como os EUA e o Canadá. Elas vêm principalmente de proprietários de escolas, mas também de setores do Conselho Federal de Medicina.
São essas resistências que, em nome do bem comum e da saúde pública, precisam ser vencidas.


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