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VALDO CRUZ
Fim das férias?
BRASÍLIA - Lula não cansa de repetir que greve é um justo direito do
trabalhador. Mas que greve sem
desconto de dias parados é um período extra de férias. E ameaça cortar o salário dos grevistas do setor
público federal.
Só que, na prática, muito raramente uma categoria do funcionalismo tem, de fato, os dias de paralisação descontados no contracheque. E mesmo nesses casos nem
chega a doer no bolso. Há sempre
compensações.
Um belo estímulo para greves infindáveis, prejudicando muitas vezes o ritmo da economia e a prestação de serviços à população. Greves
tão longas que há relatos de funcionários que simplesmente viajam
para uns dias de descanso.
Afinal, os servidores não acreditam que o governo do sindicalista
Lula realmente cumpra as ameaças
e cometa a crueldade de cortar os
dias de férias, ops, de greve.
Os auditores fiscais, que hoje voltam ao trabalho depois de quase
dois meses parados, não são diferentes. Até agora receberam o salário religiosamente. Talvez tenham
uma surpresa desagradável no próximo contracheque.
Lula, segundo assessores, ficou
irritado ao saber que os dias de greve dos auditores não foram cortados. Recebeu muita reclamação,
principalmente de empresários
afetados pela paralisação.
O presidente cobrou do ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo,
o desconto. Recebeu a explicação
de que havia entraves judiciais, já
superados. Lula mandou fazer o
corte no próximo mês.
A ordem foi repassada à Receita
Federal. A conferir se será cumprida. Afinal, há uma grande resistência dentro do governo em punir os
servidores. Ainda reina a política de
passar a mão na cabeça do funcionalismo público.
O Ministério do Planejamento
diz que agora será diferente, depois
que o STF deu a base legal para fazer os cortes. Lula terá, então, a
oportunidade de mostrar que não
está apenas jogando para a platéia.
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