São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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VALDO CRUZ

Fim das férias?

BRASÍLIA - Lula não cansa de repetir que greve é um justo direito do trabalhador. Mas que greve sem desconto de dias parados é um período extra de férias. E ameaça cortar o salário dos grevistas do setor público federal.
Só que, na prática, muito raramente uma categoria do funcionalismo tem, de fato, os dias de paralisação descontados no contracheque. E mesmo nesses casos nem chega a doer no bolso. Há sempre compensações.
Um belo estímulo para greves infindáveis, prejudicando muitas vezes o ritmo da economia e a prestação de serviços à população. Greves tão longas que há relatos de funcionários que simplesmente viajam para uns dias de descanso.
Afinal, os servidores não acreditam que o governo do sindicalista Lula realmente cumpra as ameaças e cometa a crueldade de cortar os dias de férias, ops, de greve.
Os auditores fiscais, que hoje voltam ao trabalho depois de quase dois meses parados, não são diferentes. Até agora receberam o salário religiosamente. Talvez tenham uma surpresa desagradável no próximo contracheque.
Lula, segundo assessores, ficou irritado ao saber que os dias de greve dos auditores não foram cortados. Recebeu muita reclamação, principalmente de empresários afetados pela paralisação.
O presidente cobrou do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o desconto. Recebeu a explicação de que havia entraves judiciais, já superados. Lula mandou fazer o corte no próximo mês.
A ordem foi repassada à Receita Federal. A conferir se será cumprida. Afinal, há uma grande resistência dentro do governo em punir os servidores. Ainda reina a política de passar a mão na cabeça do funcionalismo público.
O Ministério do Planejamento diz que agora será diferente, depois que o STF deu a base legal para fazer os cortes. Lula terá, então, a oportunidade de mostrar que não está apenas jogando para a platéia.


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