São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Editoriais

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Novos hábitos financeiros

É MUITO cedo para afirmar, com os otimistas, que a era do chamado rentismo financeiro está com os dias contados no Brasil. Essa distorção tem se prolongado tanto que já se tornou habitual, no país, esperar rendimento líquido de 8%, 10% anuais em aplicações de risco baixo, como títulos públicos.
Mesmo os céticos, entretanto, hão de convir que nunca, em 15 anos de real, foi tão difícil obter aqueles vultosos retornos. O Tesouro, por exemplo, paga 10,2% ao ano de juros ao cidadão que adquira um título com resgate em janeiro de 2011. Abatidos impostos, taxas e a inflação esperada, o lucro livre para o poupador é menor que 4% ao ano.
Esse ganho ainda destoa no cotejo internacional -nos EUA, um título público de dez anos rende, subtraída a inflação, em torno de 1% ao ano. Mas, sem dúvida, já representa sensível mudança de patamar, por ora circunstancial, no caso brasileiro.
A necessidade de reduzir os juros praticados no Brasil, para que atinjam padrões de normalidade internacional, requer também uma mudança de hábitos e expectativas da parte dos aplicadores. Exige, além disso, uma importante adaptação dos bancos.
Taxas de gestão de fundos de renda fixa -nos quais o trabalho principal do banco se resume a comprar e vender papéis do governo- ainda ceifam até 4% da poupança aplicada num ano. A prática, que já era inexplicável em tempos de juros elevados, torna-se abusiva nos parâmetros de hoje e escandalosa se for levada em conta a expectativa de que os juros caiam ainda mais.
No ambiente que se esboça, o rendimento do capital financeiro vai baixar para todos. Conquistar um ou dois pontos percentuais a mais que a remuneração de um título público exigirá a tomada de risco no mercado privado. E o banco que quiser aumentar sua receita como intermediário terá de apresentar desempenho diferenciado no serviço que presta a seus clientes.


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