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Novos hábitos financeiros
É MUITO cedo para afirmar,
com os otimistas, que a era
do chamado rentismo financeiro está com os dias contados no Brasil. Essa distorção tem
se prolongado tanto que já se tornou habitual, no país, esperar
rendimento líquido de 8%, 10%
anuais em aplicações de risco
baixo, como títulos públicos.
Mesmo os céticos, entretanto,
hão de convir que nunca, em 15
anos de real, foi tão difícil obter
aqueles vultosos retornos. O Tesouro, por exemplo, paga 10,2%
ao ano de juros ao cidadão que
adquira um título com resgate
em janeiro de 2011. Abatidos impostos, taxas e a inflação esperada, o lucro livre para o poupador
é menor que 4% ao ano.
Esse ganho ainda destoa no cotejo internacional -nos EUA,
um título público de dez anos
rende, subtraída a inflação, em
torno de 1% ao ano. Mas, sem dúvida, já representa sensível mudança de patamar, por ora circunstancial, no caso brasileiro.
A necessidade de reduzir os juros praticados no Brasil, para
que atinjam padrões de normalidade internacional, requer também uma mudança de hábitos e
expectativas da parte dos aplicadores. Exige, além disso, uma importante adaptação dos bancos.
Taxas de gestão de fundos de
renda fixa -nos quais o trabalho
principal do banco se resume a
comprar e vender papéis do governo- ainda ceifam até 4% da
poupança aplicada num ano. A
prática, que já era inexplicável
em tempos de juros elevados,
torna-se abusiva nos parâmetros
de hoje e escandalosa se for levada em conta a expectativa de que
os juros caiam ainda mais.
No ambiente que se esboça, o
rendimento do capital financeiro vai baixar para todos. Conquistar um ou dois pontos percentuais a mais que a remuneração de um título público exigirá a
tomada de risco no mercado privado. E o banco que quiser aumentar sua receita como intermediário terá de apresentar desempenho diferenciado no serviço que presta a seus clientes.
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