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CLÓVIS ROSSI
Sérgio é "o cara" (ou a cara)
SÃO PAULO - O deputado Sérgio
Moraes (PTB-RS) tem mesmo que
recorrer ao Supremo para continuar relator do caso do deputado do
castelo.
Não seria justo dispensar o deputado que se lixa para a opinião pública. Por um motivo simples: ele é a
cara do Congresso Nacional.
Vamos ser francos: todos os congressistas, salvo no máximo meia
dúzia, se lixam para a opinião pública -o que, aliás, já foi dito mais de
uma vez neste espaço, bem antes da
frase de Moraes.
Não dependem dela para se eleger, que é o único "projeto" que
têm. Elegem-se, como Moraes, por
distritos não necessariamente geográficos. São, em geral, distritos pequenos, como a Santa Cruz do Sul a
que Moraes deve seu mandato (115
mil habitantes).
Outros distritos são de, digamos,
comunidades (étnicas ou a de ouvintes de uma dada rádio etc.). Para
os eleitores desses "distritos" conta
pouco ou nada o comportamento
ético de seu representante. Vale o
que ele traz ou pode trazer de benefícios para o "distrito".
Mais do que a cara do Congresso,
Moraes é também a cara de uma fatia ponderável do Brasil. Chegou a
ser afastado da prefeitura de sua cidade porque fez um "gato" telefônico: instalou um telefone público na
casa da família.
Preciso dizer quantos "gatos"
existem por aí, nos mais diferentes
equipamentos públicos? Não há,
por acaso, "gatos" de instalações
de TV a cabo em condomínios de
classe média?
Não vamos esquecer que, tanto
no final do primeiro mandato de
Fernando Henrique Cardoso como
em idêntico período de Luiz Inácio
Lula da Silva, pesquisas Datafolha
mostravam que algo em torno de
80% dos eleitores enxergavam corrupção em um e no outro governo.
Não obstante, ambos se reelegeram
até confortavelmente.
Tradução inevitável: parte do público se lixa para a corrupção.
crossi@uol.com.br
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