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Biodiversidade em queda
NA ECO-92 , realizada no Rio
há 18 anos, duas convenções foram lançadas: uma
sobre mudança do clima, outra
sobre diversidade biológica.
Menos conhecido e debatido, o
segundo tratado busca coordenar 193 países signatários na defesa da biodiversidade, ou seja,
na manutenção das várias manifestações de vida na Terra, de espécies a ecossistemas. A convenção fala em uso sustentável da
biodiversidade, não em preservar apenas por preservar.
Sem polinização provida por
insetos e morcegos ou sem chuvas e rios regularizados por florestas, por exemplo, a agricultura ficaria em apuros. Estima-se
que a destruição de habitats e a
mudança do clima tenham multiplicado por mil a taxa natural
de extinção de espécies, ameaçando a continuidade daqueles
serviços ambientais.
Em 2002, adotou-se a recomendação de reduzir "significativamente" as extinções até
2010. A meta ficou longe de realizar-se, alerta agora o terceiro relatório "Panorama Global da
Biodiversidade", lançado pelo
programa ambiental da ONU.
O documento prediz risco de
colapso de sistemas naturais. A
erosão de ecossistemas frágeis,
como recifes de corais decisivos
para a reprodução de tantas espécies marinhas, pode alcançar
em breve um ponto de não retorno, sob o fogo cruzado da poluição e do aquecimento global.
Outro temor em destaque no
relatório toca diretamente a
América Latina e o Brasil, que
concentram metade das florestas tropicais remanescentes.
Desmatamento, queimadas e
mudança do clima podem desencadear um ciclo vicioso de destruição e a modificação do padrão regional de chuvas.
Apesar do tom sombrio, o relatório afirma que o processo pode
ser revertido. Para isso, será preciso que a agenda da biodiversidade se torne tão prioritária
quanto a do aquecimento global.
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