|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Fixação de imagem
BRASÍLIA - Enquanto o brasileiro
se ocupa da escalação da seleção de
futebol para a Copa, os pré-candidatos a presidente usam o período
atual de baixa densidade política
para testar hipóteses.
Foi o que se passou no início da
semana quando José Serra bateu na
atuação do Banco Central. Embora
o tucano sempre tenha sido um crítico da política monetária adotada
com alegria por FHC e por Lula, a
posição apresentada de maneira
forte, em público, serve como um
laboratório para o PSDB.
As campanhas de Serra e da petista Dilma Rousseff se municiam agora das chamadas pesquisas qualitativas. Frases e atitudes mais polêmicas são testadas em encontros
com grupos de eleitores. Todos
conversam sob a coordenação de
pessoas treinadas no ofício de decifrar a alma do brasileiro.
Se um grupo representativo de
eleitores dá sinal de positivo para
ataques ao BC, assim será. Não há
novidade nesse tipo de estratégia.
Em 2002, Lula ganhou a eleição
com o ouvido colado nas "qualis".
A dificuldade de Lula no universo
feminino foi atacada com uma propaganda na qual apareciam dezenas
de mulheres grávidas, vestidas de
branco e caminhando ao som de
"Bolero" de Ravel. Jeca? Pode ser.
Mas o PT faturou o Planalto.
Nesta semana, talvez de forma
inadvertida, Serra produziu material farto para testes. O brasileiro
vai votar levando em consideração
os juros mais altos no mundo praticados por aqui? Não se sabe. Dilma
Rousseff antecipou-se e foi na direção oposta. Exaltou a tal independência do Banco Central.
A seu modo, a petista tenta também fixar uma imagem. O PT carrega o carma de ter sido pouco amigável ao capital no passado. Mas todos
esses movimentos são preliminares. Só lá para agosto, muitas "qualis" depois, os candidatos terão uma
imagem montada para vender na
campanha.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando De Barros E Silva: Os soldados de Dunga Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: País sem pianos Índice
|